A representação mental de conceitos

Conceitos são unidades fundamentais do conhecimento. Essas unidades, que contemplam informações sobre como e o que, permitem ao indivíduo integrar passado, presente e futuro, estabelecendo continuidade em sua autobiografia, transferindo conhecimento, resolvendo problemas, fazendo predições e viabilizando a comunicação humana e a aprendizagem.

A curiosidade e a pesquisa sobre conceitos remontam à própria história ocidental, descrevendo três períodos gerais. Um deles é a etapa pré-filosófica ou mágica, na qual o conteúdo da representação era atribuído a entidades sobre-humanas.

Já a etapa clássica ou lógica equivale o conteúdo conceitual a uma definição lógica. Por sua vez, a etapa cognitivista revisou o constructo, aferindo-lhe uma estrutura mal definida, graduada e, em muitos casos, instável.

QUESTÃO CENTRAL

Uma das questões centrais envolvidas na compreensão dos processos cognitivos e sua relação com a ação humana é como conceitos e categorias são mentalmente representados.

Hipóteses acerca da forma e do conteúdo dessas representações têm implicações sobre como o indivíduo classifica experiências, objetos, eventos ou itens que, como equivalentes, não são idênticos e, como categorias, são aprendidas.

Descrições sobre o conteúdo das representações categoriais são denominadas de propriedades e se referem a qualquer predicado declarado constituir o conceito. As propriedades são distinguidas por meio de atributos que possuem valores mutuamente exclusivos.

CONSTRUÇÃO

A construção do conhecimento conceitual avança na medida que a mente representa elementos individuais e os associa, criando agrupamentos categoriais.

As representações de conceitos contêm informações oriundas de diferentes modalidades sensoriais, assim como conteúdos proposicionais, emocionais e motivacionais.

Os conteúdos emocionais e motivacionais refletem, geralmente, as experiências autobiográficas, as influências culturais e os fatores biológicos.

Como as diferentes informações são integradas biologicamente e cognitivamente formando as representações mentais categoriais? Vários estudos evidenciam que a composição do conteúdo representacional dos conceitos se apoia em zonas de associação ou convergência do cérebro.

LEITURA

O livro “Temas em ciências cognitivas e representação mental”, organizado pelo psicólogo Ederaldo José Lopes e publicado pela Sinopsys Editora, apresenta uma discussão sobre aspectos históricos e epistemológicos na constituição da psicologia cognitiva e na sua sobrevivência a partir das relações travadas com os vários campos de estudos da mente, como a inteligência artificial, as neurociências e a filosofia da mente.

Os textos desta densa obra, escritos por autores nacionais e do exterior, vêm dar fôlego ao campo interdisciplinar e moderno das ciências cognitivas e da filosofia da mente na discussão sobre o tema da representação mental.

Tema central da psicologia cognitiva, a representação constitui-se, nos dias de hoje, numa área fronteiriça, inquietante para filósofos e cientistas, com importantes derivações que permitem ultrapassar o velho dualismo cartesiano.

Trata-se de uma obra ímpar, original e que serve de aprofundamento para psicólogos, filósofos, cientistas da computação e neurocientistas que se arvoram nessa odisseia chamada mente.