Avaliação neuropsicológica das funções executivas na infância
23 de Novembro de 2022
A avaliação neuropsicológica das funções executivas na infância pode mensurar o grau de disfunção e do funcionamento normal da criança, devendo respeitar o desenvolvimento e o período maturacional em que ela se encontra.
Entende-se por funções executivas o conjunto complexo de processos cognitivos necessários para que as pessoas possam gerenciar seu comportamento em diferentes situações do dia a dia. São cruciais para a coordenação de respostas adaptativas diante de situações novas e/ou complexas.
COMPONENTES CENTRAIS
Embora não exista uma definição universalmente aceita para o termo, há um relativo consenso de que existem três habilidades consideradas componentes centrais das funções executivas.
Uma delas é a memória de trabalho, que está relacionada à capacidade de manter a informação em mente e manipulá-la ou atualizá-la.
A outra é a inibição (controle inibitório, incluindo autocontrole e controle de interferência, atenção seletiva e inibição cognitiva), que consiste na capacidade para inibir comportamentos inapropriados, assim como manter o foco atencional na presença de distratores e do próprio pensamento, estando associada à atenção seletiva.
Por sua vez, a flexibilidade cognitiva (também denominada flexibilidade mental) se refere ao ajuste do comportamento às demandas ambientais, incluindo a habilidade de mudar perspectivas/sistema de referência, estabelecer prioridades ou diferentes possibilidades na resolução de problemas.
Outras habilidades, como planejamento, raciocínio e resolução de problemas, podem ser consideradas funções executivas complexas, que emergiriam a partir dessas três habilidades principais.
DESAFIOS
Diferentes métodos e tarefas têm sido empregados para a avaliação neuropsicológica das funções executivas na infância uma vez que o conceito de FE tem sido definido de inúmeras maneiras, a partir de modelos e teorias que envolvem múltiplos aspectos executivos.
Isso mantém a pesquisa e a clínica sobre as funções executivas e suas metodologias de investigação repletas de desafios teóricos e práticos.
Uma das principais dificuldades enfrentadas ao se estudar empiricamente o funcionamento executivo reside no fato de que a maioria dos testes neuropsicológicos envolve algum tipo de função executiva, incluindo as tarefas de funcionamento intelectual ou acadêmico.
Isto é, torna-se difícil excluí-lo durante o processo de avaliação ao mesmo tempo que é muito pouco provável que se consiga isolar uma única habilidade ou um déficit executivo.
COMPLEXIDADE
Devido à complexidade das funções executivas, deve-se elaborar uma bateira de testes neuropsicológicos com o objetivo de abranger as diversas capacidades a serem estudadas.
Sugere-se a utilização de mais de um teste na avaliação neuropsicológica das funções executivas na infância. Além de escalas que possam auxiliar na compreensão dos distúrbios de comportamento do paciente, aumentando a fidedignidade dos resultados obtidos.
O examinador deve estar atento às estratégias desenvolvidas pela criança para solucionar a tarefa proposta, principalmente porque muitos testes podem não representar dificuldades para esse indivíduo.
A análise deve ser voltada para como o paciente responde às tarefas e não somente para o resultado do teste propriamente dito.
LIVRO
Pesquisadores e clínicos que estão envolvidos de alguma forma em produzir uma melhor neuropsicologia infantil brasileira estão no livro “Avaliação neuropsicológica infantil”, organizado pela psicóloga Luciana Tisser e publicado pela Sinopsys Editora.
A obra apresenta discussões importantes sobre o uso de instrumentos de avaliação comportamental e emocional, fatores cada vez mais presentes nas abordagens clínicas com a garotada.