Como a terapia relacional-ética ajuda o paciente?
04 de Janeiro de 2022
A terapia relacional-ética (TRÉ) ajuda o paciente na manutenção ou no surgimento da esperança diante das dificuldades da vida. Contribui para a humanização do indivíduo quando ele adquire a atitude de transcendência para com o outro/Outro e aprende a descentrar-se de si mesmo, gerando maior maturidade e tornando-se mais humano. O objetivo não está dentro da pessoa, mas fora dela.
A TRÉ ajuda a manter a fé vívida, ou seja, tenta fazer o paciente agir bem, no que é verdadeiro, ético, identificando o bem e o mal, o que é bom e mau para cada um e para os outros. Nesse sentido, é perguntado ao sujeito se ele acredita que o comportamento que relata sobre si mesmo é correto ou incorreto segundo a moral, trabalhando a partir das dimensões inclusivas: psicofísica, ética e relacional.
A partir desse referencial, o paciente passa a reformular as suas ações: para onde quer direcioná-las, se quer se tornar mais humano, solidário, considerando que essa nova atitude contribui para se sentir mais feliz ou melhorar a sua qualidade de vida.
ESPIRITUALIDADE
Em tempos de crise de fé, a terapia relacional-ética ajuda a construí-la se for desejado incluir espiritualidade e religião na psicoterapia. Ela contribui para a melhoria por meio do desenvolvimento da atitude de transcendência e espiritualidade em pacientes agnósticos ou ateus.
A atitude de transcendência, de crescimento espiritual, de ir ao encontro do outro/Outro e de centrar-se implica uma aprendizagem concomitante de amar, por meio da aprendizagem de valores e atitudes positivas, como o perdão, a compreensão e o desenvolvimento da empatia, que dissocia o ser humano dos processos de ódio, raiva e emoções perturbadoras.
Dessa forma, a pessoa diminui a propensão ao estresse, inicia um processo de cura mais eficaz e rápido e adoece com menos frequência, pois está cientificamente comprovado que amar ou produzir pensamentos positivos para os outros e para si mesmo leva à cura, pois constrói a paz.
Antes da abordagem da terapia relacional-ética, as crenças espirituais dos pacientes raramente apareciam nas consultas. Identificou-se que isso se devia, em grande parte, ao fato de eles acreditarem que a psicoterapia não era um espaço para falar sobre o assunto por temerem ser encaminhados ao psiquiatra por serem "loucos" ou porque acreditavam que apenas com um padre ou especialista em religião se poderia falar sobre o espiritual.
TÉCNICAS
É importante ressaltar que o trabalho psicoterapêutico da TRÉ difere do trabalho dos religiosos, por trabalhar a espiritualidade a partir da psicologia, aplicando técnicas psicoterapêuticas.
Quando o trabalho da espiritualidade e da religião foram integrados à psicoterapia, um amplo leque de possibilidades de melhoria se abriu à medida que uma vasta variedade de temas emergiu - os quais raramente eram observáveis na abordagem terapêutica anterior.
Essa mudança paradigmática possibilitou compartilhar mais com o paciente, de um lugar mais humano, participativo, de construção e aprimoramento do conhecimento; permitiu conhecer o paciente de forma holística, ultrapassando, nessa holoterapia, o âmbito de uma psicoterapia.
Entre as técnicas e estratégias terapêuticas utilizadas na terapia relacional-ética, constam entrevista holoterapêutica e método socrático, incluindo conceitos de relacionalidade, autotranscendência, valores, espiritualidade e fé em inter-relação com as técnicas da abordagem psicológica do psicoterapeuta.