Como diagnosticar e tratar o transtorno alimentar restritivo/evitativo?
03 de Agosto de 2022
O transtorno alimentar restritivo/evitativo (TARE) é mais comum na infância, com frequência parecida entre meninos e meninas, e se caracteriza por uma aparente falta de interesse pela alimentação ou pelos alimentos.
Tal esquiva é baseada nas características sensórias do alimento (cor, textura, temperatura, cheiro e forma), importante aversão ao ato de comer e se manifesta por fracasso persistente em satisfazer as necessidades nutricionais.
Para que se possa diagnosticar essas características alimentares inadequadas como transtorno alimentar restritivo/evitativo, é necessário preencher um ou mais dos critérios abaixo mencionados.
São eles: perda de peso significativa, ou insucesso em obter o ganho de peso esperado, ou atraso de crescimento em crianças; deficiência nutricional significativa; dependência de alimentação enteral ou suplementos nutricionais orais; e interferência marcante no funcionamento psicossocial.
EXAMES NECESSÁRIOS
O diagnóstico de TARE deve incluir exames clínicos e laboratoriais para analisar a saúde geral do paciente e ver se há algum problema físico, como, por exemplo, alergias alimentares e distúrbios do trato digestivo.
Outro ponto importante a ser avaliado é se há a presença ou não de outros tipos de transtornos alimentares, como bulimia ou anorexia, uma vez que são diferentes.
A evitação alimentar existente no transtorno alimentar restritivo/evitativo não envolve preocupação com a imagem e o peso, mas sim dificuldade em conseguir interagir com certos alimentos, o que comumente ocasiona emoções como medo e nojo.
O TARE também não deve ser associado a pessoas que sofrem de carência alimentar e que evitam determinados alimentos por questões culturais.
EQUIPE INTERDISCIPLINAR
O tratamento do transtorno alimentar restritivo/evitativo geralmente envolve uma equipe interdisciplinar, que discute o caso e traça com a família e o paciente os objetivos terapêuticos.
Essa equipe é idealmente composta por pediatra, psiquiatra, psicólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, terapeuta familiar, endocrinologista e outras especialidades conforme a necessidade do caso.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é o tratamento psicológico mais indicado para transtorno alimentar restritivo/evitativo e foca em cinco objetivos centrais.
São eles: psicoeducação das emoções mais comuns frente aos alimentos e refeições, percepção dos pensamentos que ajudam e que não ajudam, reestruturação cognitiva, dessensibilização sistemática e percepção da importância dos alimentos para o crescimento e desenvolvimento.
Vale lembrar que o melhor prognóstico está associado à intervenção precoce. Portanto, se o comportamento alimentar da criança gerar alguma dúvida ou preocupação, é preciso buscar ajuda especializada o quanto antes.
LANÇAMENTO
De autoria das psicólogas Ana Carla Gameleira e Lívia Rodrigues, o "Baralho da evitação alimentar: tratando pacientes com transtorno alimentar restritivo/evitativo" foi criado para suprir uma necessidade na clínica terapêutica, uma vez que as demandas das dificuldades alimentares aumentam a cada dia e as opções de recursos para lidar com tais queixas são escassas.
Com 191 cartas, o baralho engloba todas as fases do tratamento psicológico do transtorno alimentar restritivo/evitativo por meio da terapia cognitivo-comportamental.
Publicado pela Sinopsys Editora, o material tem como público-alvo crianças a partir de quatro anos de idade, adolescentes e adultos com diagnóstico de TARE ou que precisam de ajuda psicológica para limitar o consumo de alimentos não saudáveis, que têm necessidade de mudança de hábitos alimentares, baixo repertório alimentar, medo de comer ou mesmo falta de interesse pelos alimentos.