Formulação de casos em terapia cognitivo-comportamental
17 de Novembro de 2021
A formulação de casos em terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma ferramenta essencial para o tratamento psicoterapêutico. Ela ajuda a entender o funcionamento dos pacientes, a reconhecer a complexidade e a heterogeneidade das apresentações clínicas a partir de uma perspectiva psicológica e teórica com embasamento científico.
Quando os profissionais da saúde mental se deparam com um paciente, precisam saber identificar os problemas, a origem das dificuldades e, ainda, quais obstáculos podem dificultar o processo de mudança, prevendo o melhor tratamento para esse indivíduo em particular.
Em outras palavras, a formulação de casos é a descrição minuciosa e aprofundada do modo como o indivíduo funciona na vida e as razões que o levaram à psicoterapia. Tem a função de guiar o terapeuta sobre como deve agir com aquele determinado paciente.
Na literatura, há várias referências à formulação de casos nas diferentes abordagens da psicologia.
No entanto, para a prática da psicoterapia, independentemente da abordagem ou de estrutura para a formulação, é necessário que o terapeuta considere três elementos: discriminação do problema, entendimento da história desse problema e descoberta de quais fatores o mantêm.
ESTRATÉGIA
A formulação de casos em terapia cognitivo-comportamental é um método e uma estratégia clínica para elaborar uma descrição do problema atual do paciente, uma compreensão de seus padrões mal-adaptativos, uma teoria sobre o porquê e como esses padrões se desenvolveram, bem como uma ou mais hipóteses de quais processos estão mantendo esses padrões ativos.
Além disso, antecipa os possíveis problemas e obstáculos no processo terapêutico, orientando o foco do tratamento. Também tem como funções reforçar a aliança terapêutica — por meio de um trabalho produtivo e da relação colaborativa — e preparar o paciente para o término da terapia.
É, portanto, um modelo necessário a ser seguido e um direcionamento a fim de guiar ao longo de todo o processo terapêutico, de forma a otimizar e/ou potencializar as intervenções e estratégias clínicas.
Para alguns estudiosos, a formulação de casos é a habilidade clínica mais importante que o profissional que segue a TCC precisa dominar.
Isso porque terapeuta e paciente, juntos, podem entender os mecanismos cognitivos e comportamentais do indivíduo de forma mais profunda e ampla em vez de apenas obter uma coletânea de sintomas ou uma especificação da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).
HABILIDADES
As habilidades em formulação de casos podem ser ensinadas e treinadas sistematicamente. O terapeuta deve escolher a que melhor prediz e faz sentido para o seu trabalho.
Para que essa escolha seja efetiva, o profissional precisa contrastar as diferentes formas de construir, comparando-as entre si e com o seu raciocínio clínico.
Assim, o treinador que oferece treinamento profissional em formulações de caso deve ser proficiente na abordagem terapêutica a que se propõe ensinar e saber todas as diferenças entre as formulações.
FERRAMENTA DE PESQUISA
A formulação de casos tem demonstrado confiabilidade e validade e é usada não só para demonstrar o conteúdo e o processo do paciente, mas também como ferramenta para pesquisa.
Nesse contexto, colabora agregando estudos de casos individuais na construção dos preditores, gatilhos e ciclos de manutenção específicos e idiossincráticos dos transtornos ou das dificuldades psicológicas.
Atualmente, existem várias publicações disponíveis sobre formulação de casos. A maioria engloba abordagens cognitivas e cognitivo-comportamentais.