Mulheres bissexuais e mulheres que questionam sua sexualidade têm maior risco de distúrbios alimentares

As mulheres jovens que se sentem atraídas por ambos os sexos ou que não têm certeza sobre por quem elas se sentem atraídas são mais propensas a desenvolver um transtorno alimentar do que aquelas atraídas por um único sexo, de acordo com um novo estudo da Universidade de Drexel, nos EUA.

       No entanto, os resultados do estudo sugerem que as mulheres que se sentem atraídas pelo mesmo sexo não são mais propensas a experimentar sintomas de transtornos alimentares do que suas pares com atrações de sexo oposto. Esta constatação é contrária às suposições anteriores de que a atração pelo mesmo sexo desempenha um papel protetor contra o consumo patológico no sexo feminino.

       O estudo também descobriu que os homens que se sentem atraídos por outros homens ou por ambos os sexos tiveram maiores taxas de distúrbios alimentares do que os homens que só se sentem atraídos pelo sexo oposto, o que é apoiado por pesquisas anteriores.

       A fim de examinar os sintomas de transtornos alimentares e a sexualidade em adolescentes e adultos jovens, os investigadores recrutaram participantes de dez locais de atenção primária na Pensilvânia e administraram uma tela do Behavioral Health - uma ferramenta de rastreamento da web que avalia sintomas psiquiátricos e comportamentos de risco - durante uma visita de rotina. 

Mais de 2.000 jovens, com idades entre 14 e 24, foram pesquisados. Comportamentos alimentares dos participantes foram avaliados através de perguntas tais como, quantas vezes você acha que você é gordo, mesmo que algumas pessoas digam que você é magro? Quantas vezes você tenta controlar seu peso pulando refeições? E, quantas vezes você tenta controlar o seu peso forçando o vômito?

       A atração sexual foi calculada com base no gênero dos participantes e por qual sexo os participantes relataram que se sentiram mais atraídos: ou homens, ou mulheres, ou ambos ou não tenho certeza. A fim de definir o comportamento sexual, os participantes foram questionados com quem eles haviam se envolvido em atividades sexuais: homens, mulheres ou ambos.

      Como esperado, os homens que se sentiram atraídos por outros homens exibiram escores significativamente maiores de desordens alimentares do que aqueles que só se sentiram atraídos por membros do sexo oposto. Homens que se envolveram em atividades sexuais com outros homens também apresentaram escores significativamente mais elevados do que aqueles que só participaram de atividades sexuais com mulheres.

        Entre as mulheres, não houve diferenças significativas nos escores de transtornos alimentares entre mulheres que só sentem atração por mulheres e as que só sentem atração por homens. Aquelas que relataram ter sentido atração por ambos os sexos, no entanto, tiveram escores significativamente mais altos, em média, do que aquelas com atração por um sexo.

       Mais surpreendentemente, de acordo com os pesquisadores, as mulheres que não tinham certeza de por quem elas se sentiam atraídas apresentavam os níveis mais altos de sintomas relacionados a desordens alimentares.

     "Este estudo destaca a necessidade de aumentar a sensibilidade para as necessidades específicas de jovens de minorias sexuais como um grupo e para os grupos particularmente nessa população", disse Guy S. Diamante, PhD, professor associado da Faculdade de Enfermagem e Saúde, diretor do Centro de Intervenção Familiar coautor do estudo. 

Fonte: Annie Shearer, Jody Russon, Joanna Herres, TitaAtte, Tamar Kodish, Guy Diamond. "The relationship between disordered eating and sexuality amongst adolescents and young adults". Eat Behav, de agosto 2015; 19: 115 DOI: 10.1016 / j.eatbeh.2015.08.001