O compromisso da ativação comportamental
07 de Junho de 2022
A ativação comportamental (AC) oferece grande potencial como tratamento simples e pragmático da depressão.
Mais importante ainda: precisa ser capaz de pensar e conceituar funcionalmente os problemas do cliente. Com esse entendimento estabelecido, o modelo e o tratamento da depressão são relativamente simples.
TÉCNICAS
De um modo geral, a ativação comportamental oferece um conjunto de técnicas para capacitar o indivíduo a mudar o ambiente para apoiar um comportamento saudável, levando a uma ativação sustentada e valorizada e a uma vida com significado e propósito.
Esse foco no contexto e na mudança contextual positiva não é exclusivo da AC, já que ela compartilha essa visão com várias outras psicoterapias da terceira onda, especialmente a terapia de aceitação e compromisso (ACT).
Com isso em mente, especialistas estão otimistas de que o modelo e as técnicas da ativação comportamental, assim como os da ACT, podem ser aplicáveis a uma variedade de transtornos além da depressão.
POTENCIAL
Um compromisso final da ativação comportamental é seu potencial para mudar atitudes sobre o que é depressão em um nível fundamental.
A AC afirma que a depressão é melhor conceituada não como uma doença, mas em termos do contexto de vida dos clientes.
Simplificando, não é culpa do indivíduo que ele tenha ficado deprimido. Não é o produto de ser preguiçoso, desmotivado ou incapaz de se levantar por conta própria.
O cliente não quer ficar deprimido e, na verdade, está respondendo ao seu ambiente de maneiras compreensíveis e previsíveis.
HISTÓRIA E AMBIENTE ATUAL
Além disso, embora ocorram alterações biológicas na depressão, ela não é produto de um desequilíbrio bioquímico, de algo errado com o cérebro ou de uma genética defeituosa. A depressão faz sentido dada a história de uma pessoa e o ambiente atual.
Dessa forma, o modelo da ativação comportamental é altamente isento de culpabilização e potencialmente desestigmatizante para uma condição que, afinal, muitas pessoas preferem não revelar para os outros ou mesmo admitir para si mesmas.
A depressão também é uma condição para a qual muitos não procuram se tratar, e o modelo comportamental pode levar a uma maior busca de tratamento.
EMPATIA ATIVA
Essa visão de que a depressão está relacionada ao contexto gera grande empatia, mas é uma empatia ativa, focada em capacitar os indivíduos a mudarem suas vidas e tornarem o mundo um lugar melhor e menos deprimente. Isso vale tanto para os terapeutas quanto para os clientes da AC.
Essa mensagem social não é exclusiva da ativação comportamental e remonta aos escritos originais do psicólogo e filósofo norte-americano Burrhus Frederic Skinner, que forneceu as sementes provocativas iniciais que transformaram a teoria comportamental moderna.
O objetivo de Skinner, desde o princípio, era uma mudança social positiva e construtiva, e seu desenvolvimento da filosofia do behaviorismo radical foi uma tentativa explícita de projetar uma filosofia da ciência que levasse a trabalhos clínicos e científicos produtivos para alcançar tal mudança. A AC faz parte dessa linhagem e desse trabalho coletivo.
LANÇAMENTO
O livro "Ativação comportamental", dos autores Jonathan W. Kanter, Andrew M. Busch e Laura C. Rusch, esclarece os aspectos teóricos e práticos fundamentais dessa abordagem, integrando diversas técnicas em um conjunto eficaz.
Traduzido para a língua portuguesa pela Sinopsys Editora, inclui inúmeros exemplos de casos e segmentos transcritos de sessões de terapia e descreve conceitos comportamentais utilizando termos e demonstrações simples para a compreensão da utilidade e do valor prático da AC.
A obra faz parte da série "Características distintivas", que convida os mais importantes clínicos e teóricos das principais terapias entre as terapias cognitivo-comportamentais a destacarem as características fundamentais e distintivas das abordagens que utilizam.
Fornece orientações essenciais para estudantes e terapeutas iniciantes, bem como clínicos mais experientes que desejam saber mais sobre o que torna a ativação comportamental um tipo distinto de terapia cognitivo-comportamental.