O que é a terapia comportamental integral de casal?

A terapia comportamental integral de casal (IBTC, do inglês integrative behavioral couple therapy), criada pelos psicólogos norte-americanos Neil Jacobson e Gayla Margolin na década de 1970, coloca ênfase no conceito de aceitação dos modelos contextuais que se desenvolvem em torno da relação conjugal.

Isso não significa aceitar o inaceitável, como, por exemplo, situações de violência e de abuso. A aplicação da IBTC na terapia de casal é para aceitar as funções de determinadas condutas.

A terapia de casal comportamental tradicional foca na mudança de comportamentos por meio de intercâmbio de reforçadores para melhorar o clima emocional do casal e, depois, no treinamento de comunicação e de resolução de problemas, buscando mudanças positivas na relação.

Por sua vez, a terapia comportamental integral de casal acrescenta os processos de aceitação como um passo essencial para mudanças efetivas para os casais que tenham problemas relacionais.

Daí que se origina o termo integrativa, o qual propõe estratégias tanto para promover mudança quanto métodos para fomentar aceitação e tolerância na relação. Sendo assim, o grande diferencial da IBCT é o trabalho com as técnicas de aceitação.

Outro aspecto diferencial da terapia comportamental integral de casal se refere ao receptor do comportamento, ou seja, na terapia de casal comportamental tradicional, o foco está na mudança de conduta do emissor.

Já na IBCT, o foco passa para o contexto dessa conduta, suas funções e resposta emocional.

Sendo assim, sai de um planejamento de comportamentos governado por regras (de como deveria ser ou gostaria que fosse) para contingências, isto é, melhorias derivadas de comportamentos naturais do casal, o que lhe serve, conforme sua experiência e vivência pessoal.

A avaliação do funcionamento conjugal se dá pela eleição de um tema específico a ser trabalhado, pelo consequente processo de polarização que o casal representa e pela armadilha mútua, ou seja, um padrão de interação que não soluciona o problema e desgasta ainda mais o casal, deixando uma sensação de cansaço e desesperança sobre o relacionamento.

A terapia comportamental integral de casal propõe um protocolo específico para o início do processo terapêutico para a realização da formulação de caso. É um momento de avaliação da dinâmica conjugal organizado em quatro sessões: a primeira e a última com o casal junto e as duas intermediárias com cada parceiro individualmente.

Na primeira sessão, objetiva-se criar vínculo com o casal, rastrear sua história, visão de cada um acerca dos problemas, motivação de cada um para a terapia, pontos fortes da relação.

As sessões individuais visam à percepção mais aprofundada de cada um acerca dos problemas conjugais e preenchimento de instrumentos de avaliação que auxiliam na elaboração de um projeto de tratamento.

Para auxiliar nesse processo os autores propõem a avaliação DEEP, palavra que significa profunda em inglês e seu acróstico representa: D, diferenças que o casal possui acerca de um ou mais temas; E, emoções evocadas, diferenciando as emoções superficiais das profundas; E, fatores externos que possam estra contribuindo para que a crise conjugal se intensifique; e P, padrão de interação que demonstra como o casal lida com as situações.

"O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor" é um livro que foi elaborado com o objetivo de preencher lacunas existentes na formação do terapeuta de casais.

Organizada pela psicóloga Iara de Lourdes Camaratta Anton e publicado pela Sinopsys Editora, a obra reúne contribuições teóricas e vinhetas clínicas no intuito de favorecer diversas reflexões sobre o assunto.

Tem como ponto forte o estabelecimento de uma ponte entre aspectos das terapias psicodinâmicas que tendem a ser negados ou a passar despercebidos em terapias de casal.

É fruto de estudo de série, consistente, e de longa experiência em psicoterapias (individual, casal e família).

A linguagem é clara acerca de temas e teorias que muitas vezes parecem distantes ou áridos demais. A complexidade não se apresenta como um desafio intransponível, mas como um convite à muita atenção, a questionamentos e reflexões.