Práticas psicossociais: sexualidade e adolescência
01 de Fevereiro de 2023
A sexualidade é um dos elementos a serem considerados nas práticas psicossociais em saúde mental com adolescentes, não se podendo desvinculá-la dos outros fatores ligados à formação de subjetividade.
Por ser a adolescência uma fase em que os jovens vivenciam várias crises em busca de sua identidade, o grupo de iguais pode trazer-lhes um alento com a identificação. Por outro lado, é nesse espaço que os adolescentes se tornam vulneráveis social e subjetivamente.
Sendo esse período da vida um momento de construção de identidade e a sexualidade como parte da construção do ser humano, é importante ter um olhar apurado quanto aos mecanismos de defesa utilizados.
Um desses mecanismos é a onipotência como estratégia para minimizar as dores advindas de questionamentos como: quem sou eu, o que quero, sou adulto ou sou criança?
Ao utilizar-se desse mecanismo de forma intensa, o adolescente poderá colocar-se em risco uma vez que seu pensamento é: eu posso qualquer coisa, comigo não vai acontecer nada de ruim, eu sou poderoso.
Um desses atos pode estar associado à sua vida sexual, na qual não faz uso de preservativo durante as relações sexuais, o que pode culminar em doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada.
REDES DE PROTEÇÃO
Sendo assim, disponibilizar redes de proteção ao adolescente é de suma importância, e a educação sexual formal pode compor uma dessas redes.
O ideal seria contar com a educação sexual formal em todas as escolas e que essa educação pudesse visar ao desenvolvimento da sexualidade autônoma e não somente ao controle da vida reprodutiva. Que fosse um momento no qual se pudesse abrir um espaço para a fala e para a voz do adolescente.
No entanto, isso não tem sido possível nas escolas brasileiras. Os profissionais da saúde e educação precisam ser preparados para educação sexual com o propósito de contribuir para o desenvolvimento saudável da sexualidade na adolescência.
O papel desses profissionais deve ser o da busca pela saúde física, social e psíquica envolvendo aspectos da sexualidade na juventude.
VOZ
Quando se trata do trabalho com adolescentes, é importante que se dê voz aos mesmos para que seja possível compreender como eles internalizam seu entorno e como constroem sua subjetividade, podendo, dessa forma, intervir em uma ação para que haja efetivamente um trabalho de conscientização de deveres e direitos.
Quando a ação estiver permeada por preconceitos, crenças ou valores pessoais, não se faz intervenção, mas sim interferência, impondo-se regras e valores e desconsiderando os direitos do outro.
O educador ou o psicólogo que não estiver preparado para fazer o trabalho de educação sexual não deve fazê-lo, pois a falta de formação técnica pode levar ao desserviço com relação à educação sexual, perpetuando tabus e preconceitos.
LIVRO
O livro “Práticas psicossociais em saúde mental: da diversidade teórica ao encontro das atuações”, organizado pelo psicólogo Paulo Eduardo Benzoni e publicado pela Sinopsys Editora, reúne textos de diversas orientações teóricas e contextos práticos.
Proporciona ao leitor um panorama da amplitude de atuação da psicologia como ciência aplicada à profissão, reunindo os fazeres nos campos da saúde, psiquiatria, escolas, clínica e instituições.
O ser humano vive em constante relação com o mundo ao seu entorno, e dessa relação se constrói um ser biopsicossocial por meio de um longo ciclo vital: esse foi o eixo norteador da organização da obra.
Em sua primeira parte, apresenta práticas psicológicas voltadas à infância e à adolescência, fases estruturantes do indivíduo. A segunda parte, direcionada à fase adulta, traz práticas de apoio ao sofrimento humano quando estabelecido.