Práticas psicossociais voltadas ao estresse na vida adulta
30 de Janeiro de 2023
O estresse em si não é uma doença. Ele se configura como uma resposta do organismo a situações percebidas como perigosas à integridade dos seres humanos. E essa resposta envolve, simultaneamente, os sistemas neurológico, psicológico e fisiológico.
Ao gerar essa resposta de luta e fuga, os comportamentos das pessoas são alterados, a fisiologia se altera, o que pode desencadear, manter ou potencializar doenças físicas ou mentais.
Sendo uma resposta de preparação para situações perigosas, o estresse está presente em todas as situações que geram o sofrimento e que demandam apoio psicológico, pois as situações que geram sofrimento, seja físico, seja psíquico ou social, colocam o indivíduo em alerta, demandando resolução.
Dependendo do conhecimento e da compreensão que a pessoa tem de suas reações, pode enfrentá-las ou se assustar mais ainda, o que gera mais estresse.
ESTUDOS
Ao contribuir para facilitar a instalação de uma doença física, o estresse se torna comorbidade e gera um ciclo, pois o indivíduo adoecido tenderá a estabelecer um estado de alerta maior em função de sua condição de saúde.
Nesse sentido, vários estudos brasileiros identificam a presença de estresse como comorbidade em várias doenças, tais como as dermatológicas, as ginecológicas e as cardiovasculares, assim como fibromialgia e asma.
Do ponto de vista dos transtornos mentais, algumas pesquisas também demonstram o estresse como comorbidade, tais como no transtorno do pânico, depressão e transtorno bipolar.
Além disso, outros estudos apoiam a hipótese de que o estresse cumulativo possa desencadear distúrbios psicóticos transitórios em indivíduos vulneráveis.
O estresse intenso também interfere na percepção social do indivíduo. Em uma ampla pesquisa feita com trabalhadores afastados do trabalho por distúrbios osteomusculares, foram identificadas diferenças significativas entre indivíduos com e sem estresse na percepção do contexto de trabalho e nas expectativas de retorno ao trabalho.
Sendo que o grupo com estresse apresentou uma percepção muito mais negativa desses aspectos em comparação ao grupo que não apresentava estresse.
GERENCIAMENTO
A literatura científica e a experiência profissional na área da psicologia mostram que há uma necessidade de se olhar de forma mais atenta para a manifestação e o gerenciamento do estresse junto aos clientes no cotidiano profissional.
O chamado gerenciamento do estresse tem sido objeto de estudo em variadas circunstâncias psicossociais como recurso de apoio ao tratamento ou restabelecimento do exercício adequado de papéis sociais.
LEITURA
O livro “Práticas psicossociais em saúde mental: da diversidade teórica ao encontro das atuações”, organizado pelo psicólogo Paulo Eduardo Benzoni e publicado pela Sinopsys Editora, reúne textos de diversas orientações teóricas e contextos práticos.
Proporciona ao leitor um panorama da amplitude de atuação da psicologia como ciência aplicada à profissão, reunindo os fazeres nos campos da saúde, psiquiatria, escolas, clínica e instituições.
O ser humano vive em constante relação com o mundo ao seu entorno, e dessa relação se constrói um ser biopsicossocial por meio de um longo ciclo vital: esse foi o eixo norteador da organização da obra.
Em sua primeira parte, apresenta práticas psicológicas voltadas à infância e à adolescência, fases estruturantes do indivíduo. A segunda parte, direcionada à fase adulta, traz práticas de apoio ao sofrimento humano quando estabelecido.