Saúde mental: intervenções preventivas e de promoção
07 de Outubro de 2022
Entende-se por intervenções em saúde mental práticas, programas, políticas ou diretrizes compostas por método único ou por combinação de estratégias dirigidas a indivíduos, organizações, comunidades, sistemas ou regiões com vistas a gerar mudanças em desfechos relacionados à saúde, reduzir fatores de risco e vulnerabilidades e maximizar fatores de proteção, comportamentos de saúde e bem-estar.
Diante da necessidade de prover serviços para prevenção de problemas mentais, emocionais ou comportamentais ou para promoção de saúde mental em um dado contexto, as equipes de profissionais (no âmbito da gestão, pesquisa ou aplicação) podem implementar intervenções que já estejam disponíveis na literatura com evidências de eficácia, envolvendo, em geral, alguma adaptação à cultura, ao público-alvo e ao contexto local.
Podem, ainda, criar novas intervenções preventivas e de promoção da saúde mental. Desenvolver uma intervenção inovadora é justificável quando inexistem intervenções eficazes para a abordagem do problema em questão ou quando as intervenções disponíveis são inapropriadas para a cultura ou grupo-alvo, não podendo ser adaptadas culturalmente ou apresentando custos humanos, materiais ou financeiros inviáveis.
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
O desenvolvimento de intervenções em saúde mental integra uma cadeia de produção de conhecimento. Essa cadeia tem início a partir de estudos epidemiológicos que descrevem o problema, sua prevalência e sua incidência, seguidos de pesquisas para avaliação da etiologia do problema, seus fatores de risco e protetivos ou determinantes ambientais e comportamentais.
Uma vez desenvolvida a intervenção e testada sua adequação por meio de um estudo-piloto, são recomendados estudos para avaliação de sua eficácia e efetividade. Tendo seus resultados avaliados, uma intervenção que demonstra ser eficaz e efetiva pode ser disseminada e adaptada para novas culturas.
ANÁLISE MINUCIOSA
Produzir intervenções em saúde mental potencialmente capazes de gerar as mudanças pretendidas demanda esforço intelectual, expertise e muitas horas de trabalho. Faz-se necessária uma análise minuciosa do problema que se almeja prevenir ou do comportamento de saúde que se busca promover, além dos mecanismos geradores de mudança.
Ademais, devem ser escolhidos: os canais de oferta da intervenção, como intervenção face a face ou via internet; os contextos de implementação, como escolas ou centros de referência em assistência social; os métodos e as estratégias embasados na teoria; e os materiais.
Uma vez desenvolvida a intervenção, ela deve ter sua relevância, atratividade, clareza e viabilidade avaliadas por meio de pré-testagem e teste-piloto. Preferencialmente, desde a criação da intervenção, já podem ser planejadas as estratégias para torná-la passível de adoção, implementação, disseminação e sustentabilidade em serviços diversos.
LITERATURA
“Prevenção e promoção em saúde mental: fundamentos, planejamento e estratégias de intervenção”, publicado pela Sinopsys Editora e organizado por Sheila Giardini Murta, Cristineide Leandro-França, Karine Brito dos Santos e Larissa Polejack, é um livro inédito no Brasil que contribui para suprir a lacuna existente na área e para fomentar reflexões e novos fazeres relativos à prevenção e à promoção em saúde mental.
Embasada em evidências, a obra apresenta os aspectos conceituais e teóricos, as etapas no planejamento de programas com fins de prevenção e promoção de saúde mental, as estratégias de intervenção que podem ser incorporadas e as experiências em contextos diversos.
Trata-se de uma fonte de conhecimento teórico e prático útil a estudantes e profissionais de várias áreas que lidam com saúde mental e seus determinantes.