Terapia racional-emotiva comportamental na prevenção do suicídio
12 de Setembro de 2022
A terapia racional-emotiva comportamental (TREC) é uma possibilidade de intervenção clínica com pessoas que apresentam ideação suicida, pois se trata de uma abordagem que trabalha com os pacientes suas crenças irracionais de modo a substituí-las por crenças mais racionais e funcionais.
A TREC é um modelo cognitivo-comportamental o qual defende que os distúrbios emocionais são resultantes de crenças irracionais. Assim, transtornos psicológicos como os depressivos e ansiosos estariam associados aos pensamentos avaliativos considerados ilógicos e antiempíricos.
Quanto ao suicídio, estudiosos ressaltam que a análise das distorções cognitivas é dificultada por diversas variáveis, tendo como um dos pontos centrais o fato de que a maioria das pessoas que possuem ideação e tentam o suicídio também tende a apresentar transtornos depressivos, ou seja, as crenças irracionais em suicidas geralmente são equivalentes às de indivíduos depressivos.
Por outro lado, há teóricos que defendem que algumas crenças irracionais possivelmente estão mais associadas a indivíduos com ideação suicida.
Assim, crenças como aquelas ligadas à desesperança (falta de expectativa para o futuro), sentimento de derrota, sentimento de aprisionamento (o indivíduo não vê possibilidades de escapar de situações críticas), perfeccionismo e vergonha são mais frequentes em indivíduos que demonstram comportamentos suicidas.
Por sua vez, a terapia racional-emotiva comportamental também defende que crenças consideradas racionais podem ser vistas como variáveis protetivas frente ao desenvolvimento de psicopatologias.
PESQUISAS
Na literatura científica, há escassa produção da temática suicídio pela ótica da TREC. Entretanto, estudiosos da área tem contribuído há algumas décadas com pesquisas acerca das crenças irracionais e suas possíveis influências nos indivíduos que tentaram suicídio e que relataram apresentar ideação, especialmente aquelas relacionadas à rigidez cognitiva e supergeneralização.
Nesse sentido, as crenças parecem ter um papel fundamental na clínica e são foco do direcionamento do psicoterapeuta durante suas intervenções com pessoas com ideação e/ou tentativa de suicídio.
Tais intervenções não se diferenciam muito das que são feitas com pessoas acometidas por sintomatologia depressiva, já que, de maneira geral, há algum compartilhamento de crenças irracionais bastante conhecidas nos transtornos depressivos e até mesmo em outros transtornos mentais.
LIVRO
O livro “Terapia racional-emotiva comportamental na teoria e na prática clínica” detalha o processo terapêutico da TREC no tratamento de vários tipos de transtornos mentais, como de ansiedade, alimentares, depressivos, obsessivo-compulsivo e de déficit de atenção/hiperatividade.
Aborda, ainda, o uso da abordagem no tratamento do abuso de substâncias, do câncer, da dor crônica, timidez, dependência amorosa, do luto, de pessoas com ideação suicida, casais, famílias e no treinamento de habilidades sociais.
Publicada pela Sinopsys Editora e organizada pelas psicólogas Marilda Emmanuel Novaes Lipp, Tátila Martins Lopes e Gabriela Fabbro Spadari, a obra tem seus capítulos ilustrados com casos clínicos de crianças, adolescentes, adultos e idosos tratados dentro dos conceitos da TREC.