Transtorno do jogo pela internet na infância e adolescência
25 de Maio de 2022
Na atualidade, é praticamente impossível pensar em crianças e adolescentes que não acessem dispositivos eletrônicos. Embora seu uso possa ser benéfico inclusive no campo da educação, nem todas as situações retratam um cenário saudável, sendo alguns usuários acometidos pelo transtorno do jogo pela internet (TJI).
Os jogos eletrônicos, sejam eles utilizados em computadores, videogames ou celulares, são uma realidade há vários anos. Sua grande expansão ocorreu no final da década de 1980, momento em que o grafismo avançava significativamente, com uma infinidade de cores vívidas e hipnóticas.
O jogo é, então, considerado um trajeto cultural e se encontra em expressividade constante. O jogar, diretamente vinculado ao brincar, constitui o ser humano, assim como o trabalho modifica e edifica o sujeito na vida adulta.
Mesmo com a importância histórica que o jogar representa, sendo considerado um tipo de atividade edificante, nem sempre o jogo está atrelado a reverberações positivas.
O jogo patológico, relacionado a apostas, é considerado um transtorno psiquiátrico, pertencente ao grupo do transtorno do controle de impulsos.
De forma paralela, porém com distintas características, os jogos eletrônicos também podem estar relacionados a uma psicopatologia quando o usuário apresenta uma incapacidade de controlar o tempo e o impulso na utilização desse recurso tecnológico.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
De acordo com o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), os critérios propostos para o transtorno do jogo pela internet estão relacionados ao uso persistente e recorrente da internet para envolver-se em jogos, frequentemente com outros jogadores.
Segundo o manual, é necessário que esse uso resulte em um prejuízo clinicamente significativa ou sofrimento conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes sintomas em um período de 12 meses:
- 1. Preocupar-se com jogos pela internet;
- 2. Ter sintomas de abstinência quando os jogos pela internet são retirados;
- 3. Aumentar a tolerância (necessidade de passar quantidades crescentes de tempo envolvido nos jogos pela internet);
- 4. Fracassar nas tentativas de controlar a participação nos jogos pela internet;
- 5. Perder interesse por passatempos e divertimentos anteriores em consequência dos e com a exceção dos jogos pela internet;
- 6. Fazer uso excessivo continuado de jogos pela internet apesar do conhecimento dos problemas psicossociais;
- 7. Enganar membros da família, terapeutas ou outros em relação à quantidade do jogo pela internet;
- 8. Fazer uso de jogos pela internet para evitar ou aliviar o humor negativo (por exemplo, sentimentos de desamparo, culpa, ansiedade);
- 9. Colocar em risco ou perder um relacionamento, emprego ou oportunidade educacional ou de carreira significativo devido à participação em jogos pela internet.
GUIA TEÓRICO
A clínica da infância e adolescência possui suas peculiaridades por acompanhar pessoas em desenvolvimento e cujos desfechos dependerão da precisão diagnóstica e diagnósticos precoces, do bom entendimento dos sintomas e da evolução dos mesmos. Tais fatores são fundamentais para um melhor prognóstico e entendimento dos casos.
O livro "Transtornos psicopatológicos na infância e na adolescência", organizado pela psicóloga Luciana Tisser e publicado pela Sinopsys Editora, pretende ser um guia teórico para pensar diretrizes diagnósticas das psicopatologias contemporâneas.
Escrito por psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos e fonoaudiólogos dedicados à infância e à adolescência, consiste em uma atualização dos transtornos mentais mais prevalentes na infância e na adolescência de acordo com o DSM-5, entre eles, o transtorno do jogo pela internet.