Transtorno explosivo intermitente e o papel da psicologia
12 de Abril de 2022
Ao trabalhar com possíveis portadores de transtorno explosivo intermitente (TEI), o psicólogo deve ter em mente que se trata de um paciente que já experienciou inúmeros episódios em que teve muita dificuldade de resistir ao impulso agressivo, o que acabou por acarretar perdas significativas em quase todos as esferas de sua existência.
Sendo assim, quando esse paciente chega ao consultório de psicologia, geralmente, sua vida está desestruturada e sua autoestima é praticamente nula.
Existem dois tipos de pacientes com transtorno explosivo intermitente: aquele que vem por vontade própria e aquele que é intimado a buscar tratamento.
Ambos apresentam alto grau de sofrimento, sentem-se incompreendidos, acreditam que as pessoas não enxergam o seu lado da história, que sua reação, em muitas situações, só ocorre por terem sido provocados.
Portanto é importante que o psicólogo seja empático com sua angústia e escute seu relato atentamente. Se o indivíduo se sentir confortável para dividir sua dor, um importante passo já terá sido dado em direção à aceitação do tratamento.
INADEQUAÇÃO
Perceber-se inadequado é uma experiência recorrente ao paciente com TEI e, ao notar que está sendo compreendido e contido em seu sofrimento, a construção do vínculo é uma possibilidade presente. Criar uma sensação de esperança o motiva em relação à terapia, podendo conduzir a melhores resultados.
Entender o que esse sujeito veio buscar na primeira entrevista facilita a construção do vínculo terapêutico. O psicólogo, nesse momento, deve ter a sensibilidade de perceber qual será o seu papel.
Mais do que questões técnicas, diagnósticas, o psicoterapeuta deve ter em mente que tem diante de si um paciente arisco, na defensiva, e se colocar como um profissional que, além de sua competência acadêmica, é alguém capaz de amparar o paciente.
A prioridade é se encarregar da construção do vínculo, garantindo segurança, confiança e confidencialidade.
COLABORAÇÃO
Outro aspecto fundamental é mostrar à pessoa com transtorno explosivo intermitente o quanto ela é importante nesse momento. Ressaltar que sua colaboração amplia a possibilidade de sucesso do tratamento, que ambos formarão uma dupla que tem como objetivo maior saúde e o bem-estar emocional do paciente.
A valorização desse indivíduo com autoestima baixa, por si só, já tem uma função terapêutica e faz com que ele possa entender o psicólogo como aliado e não apenas como um técnico que detém conhecimento para diagnosticá-lo e tratá-lo.
Uma das questões proeminentes no portador de TEI é a dificuldade nas relações interpessoais. Cabe ao psicólogo assinalar que a habilidade no trato com os outros é um aprendizado e, embora possa parecer uma tarefa difícil, é uma capacidade que pode ser desenvolvida.
As psicoterapias orientadas ao insight têm mostrado menos respostas no tratamento do transtorno explosivo intermitente do que as terapias cognitivo-comportamentais (TCCs), principalmente as que dão ênfase às técnicas para o controle da raiva, utilizando o relaxamento, o treinamento de habilidades sociais e o enfrentamento de problemas.
LITERATURA
O livro "Mente impulsiva, comportamento explosivo: Transtorno explosivo intermitente", de autoria da psicóloga Vânia Calazans e publicado pela Sinopsys Editora, aprofunda o tema sob vários aspectos.
O propósito da obra é apresentar o TEI ao maior número de pessoas, pois somente por meio do conhecimento é possível minimizar o sofrimento e o preconceito acerca do assunto. Embora tenha sido escrito para profissionais da saúde, a linguagem utilizada é de fácil compreensão para o público geral.