Ciclo de vida da mulher: aspectos psicológicos da gravidez tardia
11 de Março de 2022
Hoje um fenômeno observado mundialmente, a gravidez tardia aumentou de forma significativa, principalmente em países com melhores condições socioeconômicas, como resultado de mudanças comportamentais que estão redesenhando as famílias.
O crescimento da incidência de gestações em idades maternas avançadas pode ser atribuído a vários fatores. Um deles é o incremento da população feminina na faixa entre 35 e 45 anos.
Também entre esses fatores, estão o casamento tardio, um segundo casamento, a disponibilidade de métodos contraceptivos mais seguros e modernos e maiores oportunidades de educação e de progressão na carreira profissional.
De um modo geral, as mulheres expressam o desejo de ter sucesso na vida profissional, nos estudos, nas finanças e na vida pessoal, bem como buscam a estabilidade em um relacionamento conjugal antes de planejar uma gravidez.
A maternidade tardia, portanto, é vista atualmente como uma opção válida, embora, com essa prorrogação, haja um declínio da fertilidade e maiores riscos de complicações na gravidez.
BENEFÍCIOS PSICOSSOCIAIS
Apesar dos riscos associados à gravidez tardia, inúmeros benefícios psicossociais têm sido identificados. Estudo que investigou depressão e idade em que a mulher teve o primeiro filho, por exemplo, identificou que aquelas que optam por ter filhos mais tarde têm maior nível de escolaridade, emprego, melhor condição econômica e mais saúde.
Tais variáveis também têm sido consistentemente associadas à competência para cuidar e garantir os direitos da criança.
CUIDADOS ESPECIAIS
A gestação tardia, no entanto, requer intensos cuidados especiais e estreito contato com serviços de saúde, pois há necessidade de maior número de consultas com diferentes profissionais e de uma variedade de procedimentos pré-natais, inclusive exames invasivos.
Procedimentos como esses, geram ansiedade em qualquer paciente e, em casos de gravidez tardia, podem se intensificar.
Sendo assim, é preciso considerar a ansiedade materna como mais um importante fator de risco na gestação tardia, que pode ser acentuado pelo manejo inadequado da situação.
Portanto o funcionamento psicológico de uma gestante em gravidez tardia deve ser avaliado em múltiplas dimensões - como, por exemplo, ansiedade, depressão, preocupação, estresse, qualidade de vida e suporte social - e ao longo da gestação, do nascimento e do período pós-natal.
TCC
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é apoiada por diversos estudos de metanálise como uma intervenção eficaz para o manejo da ansiedade e outros transtornos que possam surgir durante e após a gravidez tardia.
O assunto e outros temas ligados ao ciclo de vida da mulher são abordados no livro "Ciclo de vida da mulher - Intervenção cognitivo-comportamental na saúde e na doença", organizado pelas psicólogas Tânia Rudnicki, Catarina Ramos, Ivone Patrão e Filipa Pimenta e publicado pela Sinopsys Editora.
Na obra, autores do Brasil e de Portugal, especialistas em diversas doenças, perturbações e condições femininas, apresentam suas experiências de intervenção cognitivo-comportamental em múltiplas situações que afetam as mulheres.
Trata-se de um conteúdo fundamental para psicólogos e outros profissionais que estudam e intervêm em problemas das mulheres.