O que é ativação comportamental?
09 de Junho de 2022
A ativação comportamental (AC) é uma intervenção psicoterapêutica — ou conjunto de intervenções — potente e eficaz projetada para fazer indivíduos deprimidos entrarem em contato com reforçadores positivos no ambiente.
A teoria da AC indica que muito do comportamento humano clinicamente relevante está relacionado ao reforço positivo e que, quando tal reforço é reduzido, perdido ou cronicamente baixo, o resultado é a depressão.
Portanto, a ativação comportamental incentiva os pacientes a adquirirem e desenvolverem as habilidades que lhes permitem estabelecer e manter contato com fontes diversas e estáveis de reforço positivo. Isso produz uma vida com significado, valor e propósito.
ENFRENTAMENTO
Um transtorno mental cada vez mais presente na atualidade, a depressão pode impactar em praticamente todos os âmbitos da vida da pessoa.
Indivíduos depressivos tendem a diminuir gradualmente a participação ativa em atividades ao longo do dia e, em muitos casos, chegam a ter dificuldade até mesmo de levantar da cama.
Como forma de combater isso, a ativação comportamental pode ser entendida como uma estratégia básica de enfrentamento. Isso porque o cliente é conduzido a enfrentar as atividades que não queira ou consiga fazer no momento.
REPERTÓRIO
A AC exige uma participação mais ativa do paciente e o acompanhamento minucioso do terapeuta.
Contudo não se trata apenas de listar atividades e falar para a pessoa executá-las. O primeiro passo a ser feito pelo profissional é conhecer mais sobre as atividades que dão prazer a ela, bem como as atividades que tendem a ser mais aversivas e provocar comportamentos de fuga e esquiva.
Com base no levantamento dessas atividades, o terapeuta terá a bagagem necessária para construção de um repertório comportamental que potencialize as possibilidades de receber reforços e gratificações, eliminando ou diminuindo as esquivas.
Importante ressaltar que o repertório deve ser completamente personalizado, pois depende intensamente da história de vida do indivíduo, do ambiente em que vive, das suas relações interpessoais e diversos outros fatores.
VERSÕES
Nos últimos 30 anos, pelo menos quatro versões empiricamente endossadas da ativação comportamental foram desenvolvidas.
São elas: a versão inicial de Peter Lewinsohn, a incorporada à terapia cognitiva e a testada na análise de componentes de Neil Jacobson e colegas, bem como as versões mais recentes desenvolvidas por Christopher Martell e colegas e Carl Lejuez e colaboradores.
Todas essas versões da AC compartilham a estratégia comum de planejamento de atividades. Cada uma, no entanto, elabora e aprimora a técnica de maneiras distintas, resultando em métodos análogos agrupados de diversas formas.
Subjacentes a esses métodos estão os fundamentos da teoria e dos princípios comportamentais, com cada conjunto de técnicas baseado em diferentes aspectos da teoria comportamental.
LITERATURA
O livro "Ativação comportamental", dos autores Jonathan W. Kanter, Andrew M. Busch e Laura C. Rusch, esclarece os aspectos teóricos e práticos fundamentais dessa abordagem, integrando diversas técnicas em um conjunto eficaz.
Traduzido para a língua portuguesa pela Sinopsys Editora, inclui inúmeros exemplos de casos e segmentos transcritos de sessões de terapia e descreve conceitos comportamentais utilizando termos e demonstrações simples para a compreensão da utilidade e do valor prático da AC.
A obra faz parte da série "Características distintivas", que convida os mais importantes clínicos e teóricos das principais terapias entre as terapias cognitivo-comportamentais a destacarem as características fundamentais e distintivas das abordagens que utilizam.
Fornece orientações essenciais para estudantes e terapeutas iniciantes, bem como clínicos mais experientes que desejam saber mais sobre o que torna a ativação comportamental um tipo distinto de terapia cognitivo-comportamental.