O que é suicídio e quais são os fatores envolvidos?
01 de Julho de 2022
Uma pessoa morre por suicídio no mundo a cada 40 segundos conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Há, portanto, muitos indivíduos que depositam na morte a esperança de acabarem com a dor, o sofrimento e o desespero que experimentam em vida.
Etimologicamente, o termo suicídio vem das palavras latinas -sui (próprio) e -caederes (ação de matar), que juntas significam "a morte de si mesmo" ou "matar a si mesmo".
O suicídio é definido como o "ato deliberado de tirar a própria vida" pela OMS em seu documento `Prevenção do suicídio: um imperativo global’.
Em outro documento, intitulado `Diretrizes de prevenção do suicídio para a formulação e implementação de estratégias nacionais’, a OMS define que o comportamento suicida é um "fenômeno multifatorial, multideterminado e transacional que se desenvolve por trajetórias complexas, porém identificáveis".
ESTUDOS
Os estudos da psiquiatria sobre o tema começaram a ser desenvolvidos no final do século 17 por médicos, em especial, os alienistas (aqueles que tratavam dos alienados), que promoveram um debate sobre a etiologia do suicídio.
Os psiquiatras franceses Philippe Pinel e Jean-Étienne Dominique Esquirol deram continuidade a esses estudos no início do século 19, considerando as teorias apresentadas na época.
A convicção comum (e existente até hoje) era de que o suicídio resultava de uma doença. Em suma, esses estudiosos defendiam que há uma relação inegável entre a morte autoinfligida e os transtornos psiquiátricos.
Na atualidade, estima-se que mais de 90% dos indivíduos que tentam ou morrem por suicídio têm transtornos mentais e 60% deles têm transtorno afetivo, como transtorno bipolar ou transtorno depressivo maior.
Além disso, a maioria das pessoas que tentaram suicídio tem comorbidades, ou seja, possuem dois ou mais diagnósticos psiquiátricos simultâneos. E pessoas com distúrbios de humor têm de 12 a 20 vezes mais riscos de morrer por suicídio do que a população geral.
ELEMENTOS
Do ponto de vista da psicologia, o psicólogo norte-americano Edwin Shneidman, considerado o pai da suicidologia moderna, afirmava que, para haver suicídio, é fundamental a combinação de alguns elementos.
Esses elementos são o sentimento de dor psíquica intolerável, a atitude de autodesvalorização, a constrição marcada da mente com prejuízo das tarefas do dia a dia, a sensação de isolamento intenso e a desesperança.
Conforme o médico psiquiatra brasileiro Neury José Botega, matar-se seria a forma mais rápida de aliviar essa dor insuportável, que inclui uma sensação angustiante de estar preso em si mesmo e sem saída, além de um desespero irremediável de uma turbulência emocional interminável.
O `Manual de prevenção do suicídio’ do Ministério da Saúde aponta três principais aspectos psicológicos do estado em que se encontra a maioria das pessoas sob risco de suicídio.
São eles: a ambivalência, marcada pela dúvida entre viver e morrer; a impulsividade, sempre necessária para iniciar o ato suicida; e a rigidez/constrição, especialmente de perceber quais outros caminhos ou saídas para além da morte seriam possíveis.
LANÇAMENTO
O livro "Suicídio - Um problema de todos: Como aumentar a consciência pública na prevenção e na posvenção" traz no título sua questão principal ao afirmar que o problema atinge todos com diversas intensidades e não apenas aqueles com ideação e tentativa de suicídio e seus familiares e amigos. Portanto, é uma preocupação fundamental a de aumentar a conscientização pública sobre o tema.
Lançada este mês pela Sinopsys Editora, a obra expõe ideias e estudos da psicóloga Karen Scavacini. Ela evidencia que o estigma o qual envolve o suicídio provoca o silenciamento sobre o tema. Contrariando a ideia de que não falar sobre ele diminui sua incidência, esse silenciamento impede o cuidado adequado dos indivíduos.
A autora deixa claro que é, sim, necessário falar sobre o suicídio, assim como é fundamental a implementação de políticas públicas que alcancem a posvenção, a qual não é abarcada atualmente.
ACOLHIMENTO
Tendo em vista que a comunicação com ética e respeito é a principal tarefa do terapeuta que trabalha com o tema, o livro objetiva, ainda, aumentar a comunicação de forma responsável, isto é, com um diálogo que faça sentido para as pessoas com ideação suicida e que as acolha e as ouça verdadeiramente.
A publicação é indicada a todos profissionais que queiram saber mais como falar de forma correta sobre suicídio, como aumentar a consciência pública e como transformar ideias em ações. Pode ser utilizada por psicólogos, médicos, educadores, profissionais da mídia, da área de segurança e das políticas públicas.
Também podem se beneficiar estudantes de diferentes áreas, assim como pessoas vivendo situações de sofrimento com ideação e tentativa de suicídio, familiares, amigos e todos que se envolvem com o tema.