Suicídio: quais as estratégias de prevenção?
30 de Junho de 2022
As estratégias de prevenção do suicídio são resumidas em algumas metas e objetivos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A restrição aos meios tem como finalidades reduzir a disponibilidade e a acessibilidade a meios de suicídio (pesticidas, armas de fogo, lugares altos, etc.) e reduzir a toxicidade/letalidade dos meios disponíveis.
Já a estratégia de acesso aos serviços visa a promover o acesso aos serviços para aqueles indivíduos vulneráveis ao comportamento suicida e remover barreiras aos cuidados.
CAPACITAÇÃO
A estratégia de treinamento e educação engloba manter programas de capacitação para cuidadores identificados (trabalhadores de saúde, educadores, policiais, etc.), assim como aumentar as competências dos profissionais que atuam nos serviços de saúde mental e atenção primária de modo que possam reconhecer e tratar pessoas vulneráveis.
Por sua vez, o tratamento busca aumentar a qualidade das intervenções clínicas baseadas em evidências, especialmente após tentativas de suicídio, e aumentar as pesquisas e avaliações sobre intervenções efetivas.
Cabe à intervenção em crises assegurar que as comunidades sejam capazes de responder a crises com intervenções apropriadas e que indivíduos em situações de crise tenham acesso aos cuidados de saúde mental emergenciais, incluindo linhas telefônicas e internet.
POSVENÇÃO
A estratégia de posvenção visa a aumentar a resposta e o cuidado oferecido às pessoas afetadas por suicídio e tentativas de suicídio, assim como prover serviços de apoio e de reabilitação para pessoas após tentativas de suicídio.
Já a estratégia de consciência tem como meta desenvolver campanhas públicas de informação para disseminar a compreensão de que o suicídio é previsível.
Por sua vez, a de redução do estigma busca promover o uso de serviços de saúde mental, serviços de prevenção de suicídio e serviços de prevenção ao abuso de substâncias, assim como reduzir a discriminação contra usuários desses serviços.
COORDENAÇÃO
A coordenação envolve criar instituições ou agências para promover e coordenar pesquisas, treinamentos e serviços relacionados ao comportamento suicida, assim como fortalecer a resposta do sistema de saúde e do sistema social aos comportamentos suicidas.
E a estratégia de vigilância tem como propósitos aumentar a qualidade dos dados nacionais sobre suicídios e tentativas de suicídio e apoiar a criação de um sistema de dados integrados para identificar grupos e indivíduos vulneráveis, além de situações de vulnerabilidade.
Por fim, cabe à mídia promover a implementação de manuais de mídia para incentivar a elaboração de reportagens responsáveis na imprensa e em mídias sociais.
LITERATURA
O livro "Suicídio - Um problema de todos: Como aumentar a consciência pública na prevenção e na posvenção" traz no título sua questão principal ao afirmar que o problema atinge todos com diversas intensidades e não apenas aqueles com ideação e tentativa de suicídio e seus familiares e amigos. Portanto, é uma preocupação fundamental a de aumentar a conscientização pública sobre o tema.
Lançada este mês pela Sinopsys Editora, a obra expõe ideias e estudos da psicóloga Karen Scavacini. Ela evidencia que o estigma o qual envolve o suicídio provoca o silenciamento sobre o tema. Contrariando a ideia de que não falar sobre ele diminui sua incidência, esse silenciamento impede o cuidado adequado dos indivíduos.
A autora deixa claro que é, sim, necessário falar sobre o suicídio, assim como é fundamental a implementação de políticas públicas que alcancem a posvenção, a qual não é abarcada atualmente.
ACOLHIMENTO
Tendo em vista que a comunicação com ética e respeito é a principal tarefa do terapeuta que trabalha com o tema, o livro objetiva, ainda, aumentar a comunicação de forma responsável, isto é, com um diálogo que faça sentido para as pessoas com ideação suicida e que as acolha e as ouça verdadeiramente.
A publicação é indicada a todos profissionais que queiram saber mais como falar de forma correta sobre suicídio, como aumentar a consciência pública e como transformar ideias em ações. Pode ser utilizada por psicólogos, médicos, educadores, profissionais da mídia, da área de segurança e das políticas públicas.
Também podem se beneficiar estudantes de diferentes áreas, assim como pessoas vivendo situações de sofrimento com ideação e tentativa de suicídio, familiares, amigos e todos que se envolvem com o tema