Como costuma pensar, sentir e agir a pessoa com depressão?

A pessoa com depressão tende a apresentar um padrão negativo em relação aos pensamentos sobre si, sobre o futuro e sobre suas experiências.

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) apresenta alguns pressupostos básicos, originados da corrente filosófica denominada estoicismo, que preveem que o que gera sofrimento no ser humano não são os eventos que vivencia, mas sim a forma como compreende e interpreta tais eventos.

Dessa forma, a TCC pressupõe que as interpretações geradas têm uma influência direta na forma como o indivíduo se sente e, como consequência, se comporta.

A partir disso, o intenso sofrimento de uma pessoa com depressão pode ser diminuído se houver uma modificação das ideias que ela tem sobre as situações vividas.

Para entender como o indivíduo deprimido pensa, são considerados dois aspectos principais: tríade cognitiva e distorções cognitivas.

A tríade cognitiva diz respeito a padrões de pensamentos que o indivíduo apresenta sobre si, sobre o futuro e sobre as suas experiências. Os pacientes deprimidos tendem a apresentar um padrão negativo em relação a esses três aspectos.

Em relação aos pensamentos sobre si, a pessoa com depressão se percebe como alguém defeituoso, inadequado ou incapaz, de modo que pode atribuir experiências rotineiras desagradáveis a defeitos pessoais.

É comum que ela se subestime e se compreenda como alguém sem valor ou não merecedora de felicidade e contentamento.

O deprimido também apresenta um padrão de interpretação de suas experiências de vida como negativas. Ele faz interpretações derrotistas a respeito de situações rotineiras, seja em interações sociais, seja em relação a eventos do seu meio.

Por fim, são comuns as projeções pessimistas em longo prazo, com o aumento da percepção de dificuldades e sofrimento e a diminuição da percepção de capacidade de lidar com possíveis adversidades.

A pessoa com depressão pensa que o futuro será péssimo, será difícil. Esse padrão de pensamento negativo influencia a forma como ela se sente e se comporta.

Em casos de depressão leve, pode-se esperar que, com um breve treino, o deprimido consiga perceber o padrão de pensamento autoderrotista, confrontando-o com dados da realidade.

Conforme a gravidade da depressão aumenta, a capacidade de se dar conta disso diminui e a pessoa pode passar a acreditar 100% que os pensamentos que tem a respeito de si, dos outros e do futuro são verdadeiros.

Pacientes graves podem viver dominados por pensamentos negativos, e isso pode tornar muito mais difícil seu engajamento em atividades externas, como participar de alguma conversa, por exemplo.

As interpretações equivocadas da pessoa com depressão tendem a seguir padrões específicos, denominados distorções do pensamento.

São distorções porque não refletem a realidade. Conforme o sujeito distorce a realidade de forma negativa, ele reforça esse padrão de pensamentos, o que mantém os sintomas depressivos e torna o quadro crônico.

As distorções cognitivas mais comuns são leitura mental, adivinhação do futuro, desqualificação dos aspectos positivos, filtro negativo, generalização, personalização, atribuição de culpa, comparações injustas, orientação para o remorso e raciocínio emocional.

Com o livro "O que você precisa saber sobre depressão e tem medo de perguntar", o leitor entende o que é depressão, como ela se manifesta, quais os sinais de atenção e o que pode ser feito para enfrentá-la ou ajudar pessoas próximas que apresentem o transtorno.

De autoria dos psicólogos Leandro da Fonte Feix e Tayse Conter de Moura, é direcionado para uso clínico e familiar para auxiliar no tratamento psicoterápico da depressão.

Publicada pela Sinopsys Editora, a obra faz parte da coleção "O que você precisa saber e tem medo de perguntar", que visa a esclarecer aspectos relacionados a transtornos mentais para não especialistas.

Caracteriza-se por uma linguagem clara, objetiva e acessível a todos. Um de seus principais diferenciais é a sua construção, mediante perguntas e respostas mais frequentes entre a população.