Como lidar com o ciúme na infância diante de mudanças familiares?

Por Andressa Silva*

Como lidar com o ciúme que aperta o peito das crianças diante das mudanças familiares? Essa pergunta inspirou o livro “Meu pai começou a namorar: aprendendo sobre ciúme com Violeta”. A história narra a trajetória de uma menina que começa a sentir um forte ciúme quando seu pai inicia um novo relacionamento. Confusa e tomada por emoções difíceis, Violeta passa a rejeitar a namorada dele e a expressar seus sentimentos por meio de comportamentos que ninguém compreendia de imediato e que estavam gerando prejuízos a todos.

Com o apoio e a escuta atenta da avó, a menina começa a explorar o que sente e descobre que é possível sentir ciúme e, ainda assim, manter o amor, o afeto e os vínculos com aqueles que são importantes para ela. O enredo nasceu da escuta clínica de tantas crianças que vivenciam o impacto emocional de mudanças familiares, como separações, novos casamentos e ampliação das redes afetivas.

Emoção natural

O ciúme é uma emoção natural que envolve medo da perda e desejo de exclusividade. Na infância, ele aparece com frequência em situações que ameaçam o espaço afetivo que a criança considera seguro e é uma forma de ela expressar que algo mudou e que precisa de ajuda para reorganizar seus sentimentos e vínculos. Por isso, o papel dos adultos é acolher, nomear sentimentos e ajudar a criança a construir novas formas de se relacionar com o que sente.

As relações familiares na infância têm um impacto profundo no desenvolvimento emocional. Quando há espaço para escuta, afeto e diálogo, mesmo os sentimentos difíceis podem se transformar em aprendizados valiosos sobre amor, confiança e pertencimento. Para usos clínico, familiar e escolar com crianças de 6 a 12 anos, esse livro se torna um recurso valioso para famílias e profissionais desenvolverem um olhar mais empático e respeitoso sobre os sentimentos das crianças e os efeitos das mudanças familiares.

*Autora do livro “Meu pai começou a namorar: aprendendo sobre ciúme com Violeta”, Andressa Silva é psicóloga clínica de crianças e adolescentes. Especialista em terapia cognitivo-comportamental (TCC) e em neuropsicologia pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera. Certificada em neurociência do desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).