Trajetória do TDAH ao longo da vida e impacto negativo no adulto
09 de Julho de 2025
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento com início na infância e que se desenvolve com trajetórias altamente variáveis em diferentes aspectos: curso do transtorno (sintomas clínicos e prejuízos cognitivas), desenvolvimento de comorbidades e efeitos do tratamento ao longo da vida.
Esses aspectos podem flutuar e mudar com o passar dos anos.
Embora alguns indivíduos apresentem uma trajetória negativa e pesada, outros podem remitir os sintomas e até transformar alguns déficits em comportamentos adaptativos, vivendo vidas altamente bem-sucedidas.
O reconhecimento precoce e o tratamento ideal são fatores de melhora para muitos pacientes com TDAH ao longo da vida.
Efeitos adversos
O TDAH tem um efeito desfavorável na expectativa de vida, pois predispõe as pessoas a se envolverem em uma série de atividades adversas à saúde e ao estilo de vida.
A desinibição comportamental explica mais de 30% da variação na expectativa de vida de quem tem o transtorno – a inibição comportamental é uma das principais funções executivas que rotineiramente está deficitária no TDAH.
A relação entre o TDAH e a expectativa de vida reduzida e o impacto negativo na qualidade de vida deixa clara a necessidade do tratamento ao longo da vida.
Dessa forma, a intervenção farmacológica é considerada útil, pois proporciona uma redução em muitos comportamentos de risco que pessoas com TDAH manifestam.
O TDAH tem sido associado à diminuição do funcionamento social, educacional, vocacional e de autocuidado, bem como a taxas mais altas de lesões acidentais.
O impacto do TDAH não tratado também inclui o tempo e a energia que requer dos indivíduos e daqueles que os apoiam para lidar com os desafios relacionados ao transtorno.
Estudo
Boland e colaboradores (2020) conduziram uma revisão sistemática e metanálise para avaliar os efeitos da medicação para TDAH e o impacto na funcionalidade dos indivíduos com o transtorno.
Dos 40 artigos incluídos no estudo, a maioria sugere um efeito protetor robusto do tratamento medicamentoso nos sintomas dos transtornos de humor comórbidos ao TDAH, nas taxas de suicídio, criminalidade, transtornos por uso de substâncias, acidentes e lesões, acidentes automobilísticos e melhora acadêmica.
Tais achados sugerem que as intervenções farmacológicas estão associadas a reduções nos riscos para uma ampla gama de prejuízos funcionais, apoiando os esforços voltados para o diagnóstico precoce e o tratamento de indivíduos com o transtorno.
Livro
Esses e outros assuntos são aprofundados no livro ‘TEA, TDAH e outros transtornos do neurodesenvolvimento’, organizado por Cláudia Maciel, Ellen Balielo Manfrim e Jádia Poggi e publicado pela Sinopsys Editora.
Escrito por especialistas com vasta experiência clínica e acadêmica, traduz o conhecimento científico mais atual sobre transtorno do espectro autista (TEA), TDAH e outros transtornos do neurodesenvolvimento em orientações objetivas e aplicáveis ao cotidiano de famílias, educadores e profissionais da saúde.
Combinando ciência e sensibilidade, ilumina os desafios e as possibilidades de um universo repleto de diversidade e singularidade. Por meio de exemplos práticos, estudos de caso e orientações fundamentadas em evidências, o leitor encontrará ferramentas concretas para promover diagnósticos mais precisos, intervenções eficazes e um suporte mais empático e humanizado.