O choro é uma estratégia de equilíbrio emocional na infância
21 de Março de 2022
Assim como o riso extravasa a alegria, o choro é fundamental para a regulação de emoções como tristeza, raiva e medo e para impulsionar a criança a melhorar aquilo que a incomoda.
Ao deixar os pequenos expressarem o que sentem, escutando atentamente, sem a intenção de acalmar ou consertar algo, pais ou outros responsáveis os ajudam a voltar ao seu eixo central e a superar adversidades em vez de evitar os sentimentos que elas provocam.
Validar as emoções das crianças é dar nome ao que elas sentem e reconhecer como importante. No caso de uma queda, por exemplo, em vez de dizer que não foi nada e pedir que parem de chorar, o ideal é que os adultos conversem com os filhos, comentem que têm ciência da dor que estão sentindo e questionem o que é possível fazer para diminuí-la.
Em uma única frase é possível validar a emoção, usar a empatia e focar em uma solução, ou seja, uma interação gentil, respeitosa, que conecta e aumenta as chances de o choro parar.
RECONHECIMENTO
O reconhecimento das emoções na infância, assim como saber que é natural senti-las, facilita o desenvolvimento pleno das crianças, o amadurecimento e o relacionamento interpessoal harmonioso. Contribui, portanto, para a formação de adultos saudáveis e autônomos.
Viver em sociedade se torna mais fácil quando as pessoas conseguem entender as suas emoções e as dos outros, pois isso pode ajudar a evitar ou a solucionar conflitos com maior facilidade desde muito cedo.
Por outro lado, se o indivíduo é estimulado a não expressar suas emoções na infância, mesmo que pareça resolver uma situação momentaneamente, tal atitude contribui, a longo prazo, para ele aprender a guardá-las. E esse silêncio pode gerar sérios problemas ao seu desenvolvimento psicológico e social.
Reprimir as emoções na infância pode causar fraqueza emocional e mental, baixa autoestima, falta de empatia e autenticidade, além de problemas comportamentais.
Quando os adultos não buscam entender e traduzir cada choro, grito e desconforto das crianças, quando rejeitam e não dão importância às emoções delas, estão contribuindo para que elas não aprendam a se expressar.
Consequentemente, estão formando adultos incapazes de lidarem com as próprias emoções e também com as emoções das outras pessoas, afetando o convívio social.
FERRAMENTA
Diariamente, as crianças são expostas a situações que as colocam em contato com suas emoções. Por ainda estarem desenvolvendo o conhecimento emocional e aprendendo a manejar os estados emocionais e seus comportamentos, é necessário lançar mão de materiais que as apoiem nesse processo.
O livro "Valentin, pode chorar, sim!", de autoria da psicóloga Joana Helena Siota e publicado pela Sinopsys Editora, tem como objetivo mostrar ludicamente à garotada que todas as emoções são aceitas, mas que existem formas adequadas para expressá-las.
Estimula a reflexão quanto à responsabilidade emocional em relação a outras pessoas, o acolhimento e formas assertivas de abordagem, permitindo que a criança compreenda que o choro é uma estratégia de equilíbrio emocional e psicológico muito funcional e que não há nada de errado em fazer uso dela.
A obra é direcionada a crianças de todas as idades que demonstram dificuldade em expressar suas emoções e seus sentimentos e que não se permitem vivenciá-los de acordo com a importância dessas expressões para o autoconhecimento, o manejo de emoções, a comunicação e o estabelecimento de relacionamentos interpessoais.
Pode ser usada em diferentes contextos, tanto clínico quanto familiar. A história aborda a temática em um ambiente do cotidiano infantil, a escola, onde toda criança passou ou passará por situações em que terá suas emoções estimuladas e precisará aprender a gerenciá-las - o que causa simpatia com o público ao qual se destina.