A terapia cognitiva baseada em mindfulness (MBCT) foi criada para oferecer a indivíduos com histórico recorrente de depressão um tratamento complementar para prevenção de recaída dos sintomas.
No entanto, desde sua criação, no fim da década de 1990, ela tem sido utilizada em variados contextos clínicos, com populações diferentes, inclusive crianças e adolescentes.
Por ser considerada uma abordagem transdiagnóstica, a MBCT tem ajudado pessoas com diferentes dificuldades, tais como transtornos de ansiedade e humor, doenças crônicas e doenças relacionadas ao estresse.
RELAÇÃO
A terapia cognitiva baseada em mindfulness assume que é a relação que os indivíduos têm com seus pensamentos, suas emoções e as sensações do seu corpo que pode aumentar a ansiedade, a depressão e o estresse.
Portanto, praticar estratégias que têm como objetivo mudar essa relação com os pensamentos, as emoções e as sensações do corpo pode reduzir ansiedade, depressão e estresse.
Quando os pequenos praticam essa consciência de abertura e aceitação, eles podem abrir espaço para se relacionarem com o mundo de diferentes maneiras e até de forma mais adaptativa.
CONSCIÊNCIA
Com maior consciência, vão poder fazer escolhas com base no que seja importante para eles, de acordo com suas necessidades e intenções.
Por meio das estratégias da terapia cognitiva baseada em mindfulness, a criança é convidada a aceitar ela mesma e tudo o que surja em sua vida com gentileza e a ver pensamentos como fenômenos internos que vão surgindo dentro da cabeça em vez de vê-los como verdades ou mentiras que precisam ser refutadas ou racionalizadas.
Essa abertura e aceitação, por sua vez, abre caminho para que mudanças possam ocorrer de forma espontânea e natural.
OBJETIVOS
Ao introduzir a MBCT para crianças, os terapeutas devem ter em mente três objetivos. Um deles é ensiná-las que pensamentos, sensações e emoções são experiências passageiras.
O outro objetivo é mostrar que elas são capazes de segurar com leveza (por meio de inúmeros recursos, sendo a respiração um deles) todas essas experiências.
E o terceiro objetivo é ensinar às crianças que a maneira como as pessoas reagem no mundo é filtrada por suas interpretações pessoais das situações que vivem.
ENVOLVIMENTO FAMILIAR
O envolvimento de pais ou outros cuidadores na terapia cognitiva baseada em mindfulness para crianças é muito valioso. Introduzir atenção plena para eles é parte integral do processo, porque, em parceria com os filhos, podem levá-la para o dia a dia da família.
Da mesa de jantar até a hora de escovar os dentes e de praticar as meditações do programa de MBCT, os adultos podem se tornar facilitadores no desenvolvimento de habilidades de mindfulness nas crianças.
Além disso, esse envolvimento possibilita aos terapeutas uma ampla visão da família como um todo e não apenas foco no paciente. Consequentemente, eles podem ampliar as chances de o tratamento ser eficaz.
LITERATURA
A primeira parte da obra cobre todos os conceitos e processos essenciais de mindfulness, incluindo recomendações de como introduzir essas práticas no contexto infantil. A segunda contém diferentes exercícios práticos e meditações com roteiros, e a terceira traz orientações para pais, educadores e cuidadores.
Já a quarta e quinta partes estão direcionadas a profissionais de saúde que trabalham com a clínica infantil e querem um conhecimento mais robusto de como trabalhar as estratégias da terapia cognitiva baseada em mindfulness (MBCT) para crianças no contexto terapêutico.