A TCC no atendimento a crianças e adolescentes

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) no atendimento a crianças e adolescentes vem sendo fomentada e estimulada com ênfase no sentido preventivo, assim como de valorização da atenção ao sofrimento psíquico na infância e adolescência.

Além de ser de fundamental importância para a promoção da resiliência desde cedo, o que pode garantir um desenvolvimento saudável ao longo do ciclo vital, o trabalho da TCC com crianças e adolescentes é dinâmico, estimula a criatividade e é gratificante.

Entre os padrões específicos de comportamento e condições psiquiátricas na infância e adolescência que se beneficiam dessa abordagem psicoterapêutica, constam: birra ou intransigência, fobia social, ansiedade, depressão, transtornos alimentares, dificuldades de aprendizagem, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno de oposição desafiante (TOD).

História

A terapia cognitivo-comportamental foi criada na década de 1960 pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck a partir do pressuposto de que o modo como o paciente interpreta as situações é o que gera sofrimento. Seu objetivo, portanto, é atingir a flexibilidade e a ressignificação dos modos patológicos de processamento da informação.

Tal abordagem foi inicialmente direcionada somente ao atendimento de adultos, porque se acreditava que crianças e adolescentes não tinham maturidade cognitiva para usufruírem de algumas técnicas utilizadas.

Entretanto, na década de 1980, as intervenções focadas no papel adaptativo das emoções propostas pela chamada terceira onda da TCC possibilitaram uma ampliação de visão e o aprimoramento dos tratamentos na clínica infantojuvenil.

Aspectos cognitivos

Em suma, a terapia cognitivo-comportamental no atendimento a crianças e adolescentes procura entender como os aspectos cognitivos podem originar transtornos emocionais e comportamentais.

Por isso, o terapeuta busca identificar quais são as dificuldades vivenciadas naquele momento pelo paciente, eventos anteriores importantes, qual a percepção que tem de si mesmo e do outro. Crenças, estratégias de recompensa e expectativas da família em direção ao indivíduo também têm relevância no tratamento.

Semelhanças e diferenças

A TCC no atendimento a crianças e adolescentes não é uma transposição direta das técnicas utilizadas com adultos. Existem, no entanto, semelhanças. Nesse sentido, se destacam o foco no presente, o objetivo de mudança cognitiva e comportamental e a utilização de sessões estruturadas.

Todavia a abordagem com o público infantojuvenil difere-se no que diz respeito à intervenção, que tem como base a criação de linguagens – muitas vezes não verbais – para acessar o funcionamento cognitivo desses indivíduos.

A terapia cognitivo-comportamental no atendimento a crianças e adolescentes tem outros diferenciais, como a intervenção com os pais ou outros responsáveis, o que muitas vezes consiste em uma grande ou até maior parte do tratamento.

Assim sendo, o foco das intervenções em TCC com esse público, além de centrar na ativação e no entendimento das emoções, deve trabalhar em termos de pensamentos adaptativos e não adaptativos.

Literatura

O livro ‘Técnicas em terapia cognitivo-comportamental com crianças e adolescentes: uma perspectiva de intervenções individuais e em grupos’ reúne mais de 350 técnicas em TCC para atendimento infantojuvenil tanto no contexto individual quanto em grupos.

Escritas por autores renomados, as técnicas são apresentadas de forma detalhada, passo a passo, com linguagem acessível, permitindo uma fácil compreensão e aplicação.

Publicada pela Sinopsys Editora e organizada pelas psicólogas Manuela Ramos Caldas Lins e Carmem Beatriz Neufeld, a obra é direcionada a estudantes de psicologia, psicólogos e outros profissionais que atuam com crianças e adolescentes, como professores, pedagogos, fonoaudiólogos e profissionais da área da saúde.