A terapia cognitiva processual e as crenças nucleares disfuncionais
12 de Julho de 2022
Várias técnicas são usadas na terapia cognitivo-comportamental (TCC) para alterar as crenças nucleares disfuncionais. No entanto, a terapia cognitiva processual (TCP) usa o registro de pensamentos baseado no processo (RPBP).
Também chamado de processo I, o RPBP foi desenvolvido especificamente para modificar as crenças nucleares disfuncionais. Recebeu esse nome porque, por um lado, envolve a simulação de um julgamento em tribunal. Por outro, porque foi inspirado na obra de mesmo nome, `O processo’, do escritor tcheco Franz Kafka.
A interpretação do criador da TCP, o psiquiatra brasileiro Irismar Reis de Oliveira, foi de que Kafka propusera a autoacusação como um princípio universal, frequentemente implícito e não consciente que, consequentemente, não permitia a defesa adequada.
AUTOACUSAÇÃO
Na TCC, tal autoacusação pode ser entendida como equivalente a uma crença nuclear negativa disfuncional ativa em relação à própria pessoa.
Portanto, a base racional para o desenvolvimento do processo I seria promover a conscientização por parte do paciente sobre as crenças nucleares disfuncionais negativas e incentivá-lo a desenvolver crenças nucleares mais positivas, realistas e úteis durante toda a terapia.
A característica distintiva do RPBP é que, diferentemente de diversas técnicas usadas na terapia cognitivo-comportamental e em outras abordagens, o processo I é organizado em formato e sequência estruturados e incorpora 12 técnicas conhecidas da TCC usadas na mesma sessão.
SEQUÊNCIA
Usando o diálogo socrático, a descoberta guiada e o rescripting de imagens, além de apresentar a técnica da cadeira vazia, o terapeuta combina técnicas padrão da TCC em determinada sequência.
Tal sequência engloba a técnica da seta descendente (investigação); evidências que sustentam a crença nuclear negativa (primeiro argumento da promotoria); e evidências que não a sustentam (primeiro argumento da defesa).
Inclui, também, geração de mais pensamentos automáticos, descontando os aspectos positivos (segundo argumento da promotoria); reversão de sentenças (segundo argumento da defesa); e técnica da seta ascendente para identificar crenças nucleares positivas (o advogado de defesa se aprofunda).
Em seguida, vêm a identificação das distorções cognitivas (fase dos jurados) e o registro de dados positivos (preparação para o recurso).
Pelo menos três estudos confirmam que o RPBP (processo I) é uma forma eficaz de reestruturação das crenças nucleares negativas.
LIVRO
Dividido em duas partes, teórica e prática, o livro "Terapia cognitiva processual", de autoria do psiquiatra brasileiro Irismar Reis de Oliveira, criador da TCP, explora os princípios da abordagem, explica as técnicas desenvolvidas ao longo de sua implementação para mudar as cognições disfuncionais e atua como um guia conciso de suas características distintivas.
Tem como público-alvo psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, psicoterapeutas e outros profissionais atuantes na área da saúde mental.
Publicada pela Sinopsys Editora, a obra faz parte da série "Características distintivas", que convida os mais importantes clínicos e teóricos das principais terapias entre as terapias cognitivo-comportamentais a destacarem as características fundamentais das abordagens que utilizam.