Adolescentes expostos a mais estressores aumentam o risco de depressão?
23 de Janeiro de 2015
A adolescência é muitas vezes um momento turbulento, marcado por um aumento substancial dos índices de sintomas depressivos, especialmente entre as meninas. Nova pesquisa indica que essa diferença de gênero pode ser o resultado de meninas serem expostas a mais eventos estressantes interpessoais, tornando-as mais propensas a ruminar, e contribuindo para o risco de depressão.
"Os resultados deste estudo chamam a atenção para o importante papel do estresse como um fator causal no potencial desenvolvimento de vulnerabilidades a depressão, principalmente entre as meninas", diz a pesquisadora de psicologia e principal autora do estudo, Jessica Hamilton, da Universidade de Temple, na Filadélfia, EUA.
A pesquisa mostrou que as
vulnerabilidades cognitivas associadas à depressão são estilo cognitivo
negativo e ruminação, que surgem durante a adolescência. Adolescentes que
tendem a interpretar os acontecimentos de forma negativa (estilo cognitivo
negativo) e que tendem a se concentrar em seu humor deprimido após tais eventos
(ruminação) estão em maior risco de depressão.
Os pesquisadores
examinaram dados de 382 adolescentes norte-americanos que participam de um
estudo longitudinal. Os adolescentes responderam a instrumentos de autorrelato
avaliando vulnerabilidades cognitivas e sintomas depressivos em uma avaliação
inicial, e depois completaram mais três avaliações de acompanhamento, cada uma
com espaçamento de cerca de 7 meses.
Como esperado, os
adolescentes que relataram níveis mais elevados de estresse interpessoal
dependente apresentaram níveis mais elevados de estilo cognitivo negativo e
ruminação em avaliações posteriores. Meninas tenderam a apresentar mais
sintomas depressivos em avaliações de acompanhamento do que os meninos.
As meninas também haviam
sido expostas a um maior número de estressores interpessoais dependentes
durante esse tempo, e as análises sugerem que é esta exposição a estressores
que manteve os níveis maiores de ruminação em meninas e, assim, o risco de
depressão ao longo do tempo.
"Os pais, educadores e
médicos devem entender que as meninas mais expostas a estressores interpessoais
têm mais risco de vulnerabilidade e depressão", diz Hamilton. "Assim, encontrar
maneiras de reduzir a exposição a esses fatores de estresse ou desenvolvimento
de formas mais eficazes para responder a esses estressores pode ser benéfico
para os adolescentes, especialmente as meninas."
De acordo com Hamilton, o
próximo passo será descobrir por que as meninas estão expostas a mais
estressores interpessoais: "É algo específico para relações femininas
adolescentes? São as expectativas da sociedade para as jovens adolescentes ou a
maneira pela qual as jovens são socializadas que as coloca em risco de
estressores interpessoais? Estas são perguntas para as quais precisamos
encontrar respostas!"