Criança não namora, nem de brincadeira - Sinopsys Editora

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Criança não namora, nem de brincadeira

15 de Março de 2019

por Miriam Rodrigues*

Será que o mundo está ficando mais chato ou mais responsável? Vamos descobrir! É importante levarmos esclarecimentos que possam auxiliar pais e educadores na difícil arte de criar nossas crianças nesse mundo tão complexo e de constante mudanças. Portanto, hoje vamos falar que "criança não namora, nem de brincadeira".

Qual é a importância desse tema?
Existem dois motivos que merecem destaque quando respondemos a esta pergunta. Continue lendo e saiba mais!



1º - Encurtamento da infância

A brincadeira e a ludicidade são o universo infantil. Para as crianças, os limites ainda não são claros entre mundo externo e interno. Dessa maneira, ambos os mundos estão fundidos e isso é absolutamente comum e saudável.

O perigo encontrado ao incentivar o namoro de crianças é o encurtamento da infância. Isso acontece quando se leva ao universo infantil um conteúdo (o namoro) que pertence ao universo do adolescente e do adulto.

Nós, profissionais da saúde e educação, que estamos acostumados a trabalhar com prevenção, sabemos que nossas ações devem promover fatores de proteção, incentivando que crianças sejam apenas crianças, brincando em seus universos, e evitar fatores de risco.

Um fator de proteção é aquilo que protege o indivíduo contra problemas posteriores, enquanto um fator de risco é aquilo que torna o indivíduo vulnerável a eles.

Dessa forma, estimular que a criança "namore" é um fator de risco e a vivência plena da infância funciona como um fator de proteção. 

2º - Empobrecimento do vocabulário emocional da criança

O segundo ponto a ser destacado é o empobrecimento do vocabulário emocional. Ao incentivar o "namoro", o adulto deixa de ensinar sentimentos e emoções importantíssimas para a criança, tais como fraternidade, irmandade, afinidade, solidariedade e compaixão.

Esses sentimentos passam a fazer parte de um "pacote" - o pacote da sexualidade ou do amor romântico. É fundamental que a criança entenda que há vários tipos de amor, sendo um dos mais bonitos a amizade. Também é relevante que aprenda que esses amores são importantes tanto na infância quanto na vida adulta.

Esses sentimentos farão parte da vida adolescente e adulta e, portanto, é essencial ter um bom vocabulário emocional para denominar as emoções que fazem parte da família do amor. 

Saber nomear as emoções também é uma maneira saudável de ampliar as habilidades de cultivar relações interpessoais, além de favorecer a saúde emocional. Dessa maneira, sexualizar os sentimentos da família do amor empobrece o vocabulário emocional e também as relações interpessoais.

Em "Vavá e Popó descobrem as famílias das emoções" eu destaco que a família do amor temos solidariedade, ternura, respeito, benevolência, afeição, gratidão e outras mais. Além disso, exemplifico correções apropriadas para que a criança não pense em namoro.

Aqui temos um modelo de comportamento que apresenta fator de risco:
Ele brinca com você no recreio porque quer te namorar.
Ela gosta de figurinhas só porque está a fim de você.

Agora vemos o comportamento adequado que apresenta fator de proteção:
Eu sou muito grata por você brincar comigo no recreio.
Você gosta de figurinhas assim como eu! Temos afinidades.

Por fim, lembre-se sempre que é nosso dever proteger a infância e promover a educação emocional. Os principais aprendizados para a vida se dão na infância. Devemos, então, aproveitar as janelas de oportunidade do cérebro para promover fatores de proteção.

É por isso que criança não namora, nem de brincadeirinha.


Sobre a autora:

* Miriam Rodrigues é psicóloga, especialista em Psicologia Clínica e em Medicina Comportamental pela Universidade Federal de São Paulo. Psicóloga Escolar na Wish School. Ministra cursos de Educação Emocional Positiva e habilidades socioemocionais para o bem-estar em escolas públicas e particulares em todo o país.
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Tags

emoções, infância, psicologia

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