Dia Mundial da Conscientização do TDAH: diagnóstico e tratamento
13 de Julho de 2020
por Jucieli Gomes (CRP 07-27005)
Psicóloga Técnica da Sinopsys Editora
13 de julho é a data escolhida para celebrar o Dia Mundial da Conscientização do TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Mesmo nos dias atuais, o TDAH ainda é um diagnóstico bastante controverso e que
causa dúvidas a muitos pais, professores e profissionais, sendo que alguns profissionais
ainda acreditam que o TDAH não existe ou que é, na verdade, decorrente da falta
de limites nas crianças.
Com base em conhecimento científico, o que se sabe é que o TDAH é um
transtorno de origem genética e que pode ter como fatores de ativação o uso de álcool
ou cigarro durante a gestação, nascimento prematuro, complicações durante o
parto, criação hiper-rígida ou excessivamente permissiva. Sabe-se também que o
TDAH não acomete apenas crianças e adolescentes. Estima-se que 60% dos
pacientes diagnosticados permanecem com o transtorno na vida adulta.
Os primeiros escritos que descrevem a atenção diminuída como patologia se
deu na Escócia, em 1798, pelo médico Alexander Crichton. Porém, apenas em 1980 foi
descrito no DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais),
seguindo até hoje.
O diagnóstico do TDAH é feito de forma clínica, necessariamente com
avaliação neurológica feita por neurologista, mas pode ter um diagnóstico
diferencial a partir da avaliação neuropsicológica feito por profissionais de
psicologia, através de testagens.
O tratamento mais eficaz é feito combinando o uso de medicação e da Terapia Cognitivo
Comportamental. Devido aos efeitos colaterais que podem surgir, o uso de
medicação, quando necessária, ocorre apenas a partir dos 6 anos de idade. Até
então, o tratamento é feito com base na terapia. Ao passo que a medicação
ajusta fatores biológicos, a TCC propicia a compreensão do comportamento
favorecendo, assim, a mudança através de tarefas e alterações na rotina.
EXISTE A POSSIBILIDADE DA PESSOA TER APENAS DESATENÇÃO OU APENAS HIPERATIVIDADE?
Sim. Porém, o nome do transtorno segue o mesmo. O que muda, conforme o Manual
Diagnóstico, é a prevalência dos sintomas, podendo, assim, o paciente ser diagnosticado
da seguinte forma: TDAH com prevalência de desatenção, TDAH com prevalência dos
sintomas de hiperatividade ou TDAH com a prevalência de ambos os sintomas, tendo
sempre como referência para o diagnóstico o período de 6 meses.
"Como pode meu filho passar horas focado jogando videogame e, para isso,
não ter desatenção?"
Esse é um questionamento comum dos pais. Os neurologistas explicam que isso costuma acontecer durante atividades
prazerosas. Neste caso, ocorre uma liberação excessiva de dopamina (hormônio do
prazer e do bem-estar), fazendo com que a criança se concentre de um modo
excessivo em determinadas atividades, causando, inclusive, a perda da noção do
tempo.
Qual a melhor forma de lidar com o TDAH, então?
Não existe uma fórmula exata que faça com que o transtorno não se desenvolva ou
não siga para a vida adulta. Ainda assim, como qualquer transtorno
psiquiátrico, sabe-se que o ambiente pode ser um fator de risco para o aumento
da prevalência do transtorno.
Oferecer à criança ou adolescente um ambiente adequado, onde possa se
desenvolver de modo saudável, com limites assertivos atendendo as suas necessidades
pode ser um fator de diminuição da incidência do transtorno. Além disso, o apoio
médico aliado ao acompanhamento psicológico tem se mostrado o recurso mais
eficaz no tratamento do TDAH.
A combinação do tratamento medicamentoso com terapia oferece ao paciente
trabalhar suas próprias questões, bem como orientar os pais para que possam
auxiliar no desenvolvimento de um ambiente mais adequado para cada situação.
Crianças e adolescentes que combinam estes dois tipos de tratamento tem chances
reduzidas de permanecerem com o transtorno para a vida adulta, além de que,
mesmo que o transtorno permaneça, acabam construindo maiores habilidades para
lidarem com o TDAH.