Freud ou Beck? Qual o melhor?
06 de Abril de 2023
Freud ou Beck? Qual o melhor? Em outras palavras, a pergunta poderia ser: psicanálise ou terapia cognitivo-comportamental (TCC)? Não há, no entanto, uma única resposta certa, pois o que pode ser o melhor para uma pessoa, nem sempre vai ser o melhor para outra, porque há diversos fatores envolvidos.
Embora as teorias e as técnicas utilizadas sejam diferentes, os objetivos da psicanálise e da TCC convergem, ou seja, ambas abordagens psicoterapêuticas procuram ajudar as pessoas com transtornos mentais no seu desenvolvimento pessoal e social. E ambas apresentam resultados eficazes em seus propósitos.
Portanto, para escolher entre qual teoria seguir, o indicado é que os estudantes da área de saúde mental estudem e reflitam sobre a que mais se aproxima da sua compreensão dos aspectos humanos. Assim, eles podem se preparar para ajudar seus pacientes da melhor maneira como profissionais.
PSICANÁLISE
A psicanálise é um campo de atuação da psicologia e da psiquiatria voltado para a investigação da psique humana. Com origem na medicina, foi criada pelo neurologista e psiquiatra austríaco Sigmund Freud no final do século 19.
Em uma época em que a ciência médica não dava muita atenção aos processos mentais, Freud revolucionou a área da saúde ao propor tratamentos diferenciados para as questões emocionais.
O conceito central do pensamento de Freud é o inconsciente. Segundo o autor, muitas das emoções e dos comportamentos humanos têm causas desconhecidas pela pessoa, porque estão fora do nível da consciência racional.
Sendo assim, a psicanálise é considerada um campo de estudos teóricos e práticos que investigam e buscam compreender os sentidos implícitos, dedicando-se ao que está além do objetivo.
Em outras palavras, a psicanálise busca trazer à consciência tudo o que está no inconsciente e que compromete a saúde física e mental do indivíduo para solucionar seus traumas.
LIVRE ASSOCIAÇÃO
Uma das principais técnicas da psicanálise é a livre associação, ou seja, a abordagem estimula que o paciente fale livremente sobre o que quiser, sem muitas intervenções do terapeuta. Segundo Freud, o simples fato de falar já libera tensões psíquicas e traz alívio ao indivíduo.
A abordagem de Freud influenciou várias outras correntes de pensamento e disciplinas das ciências humanas, gerando uma base teórica para uma forma de compreensão da ética, da moralidade e da cultura.
Num primeiro momento, era empregada em casos de neurose e psicose, mas, com o tempo (e até hoje), passou a ser amplamente usada para tratamentos de transtornos mentais dos mais diversos, incluindo depressão, ansiedade e pânico.
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
Por sua vez, a terapia cognitivo-comportamental, da qual o psiquiatra norte-americano Aaron Beck é considerado pai, nasceu nos anos 1960, por meio de pesquisas com pacientes deprimidos.
Integrando a base comportamental a conhecimentos das neurociências, a TCC relaciona os pensamentos, as emoções e os comportamentos humanos, ampliando a terapia comportamental clássica.
Trata-se de uma abordagem psicológica baseada em princípios científicos e cuja investigação tem mostrado sua eficácia num largo espectro de problemas psicológicos e físicos, podendo ser utilizada com crianças, adolescentes e adultos.
Atualmente, é tratamento de primeira escolha para diversos transtornos mentais, entre eles, depressão, ansiedade, pânico, fobias, estresse pós-traumático, uso de substâncias, transtornos alimentares e bipolaridade.
PENSAMENTOS DISFUNCIONAIS
A TCC utiliza o conceito da estrutura biopsicossocial na determinação e compreensão dos fenômenos relativos à psicologia, mas focaliza o trabalho sobre os fatores cognitivos da patologia.
Sendo assim, mira os pensamentos disfuncionais que resultam em sintomas emocionais, comportamentais e fisiológicos prejudiciais ao funcionamento das pessoas no dia a dia e à sua qualidade de vida.
Empática, integrativa, estruturada e sensível ao tempo, a TCC, habitualmente, incide sobre as dificuldades no aqui e agora e conduz à definição de objetivos terapêuticos personalizados e de estratégias que são continuamente monitoradas e avaliadas.
Por meio de diferentes técnicas, como o pensamento socrático e o registro dos pensamentos disfuncionais, seu objetivo é capacitar o sujeito a conceber soluções para seus problemas que sejam mais úteis e adaptativas do que a sua forma habitual de lidar com essas adversidades.
Essa mudança cognitiva e comportamental conduz à melhora dos sintomas e do funcionamento pessoal.