Gráficos de crescimento para o desenvolvimento cognitivo podem levar a um diagnóstico precoce no tratamento de crianças com risco de psicose.

Pesquisadores da Penn Medicine desenvolveram uma forma melhor de avaliar e diagnosticar a psicose em crianças pequenas. Por "gráficos de crescimento" de desenvolvimento cognitivo junto com a apresentação de sintomas psicóticos, eles demonstraram que os atrasos mais significativos no desenvolvimento cognitivo têm correlação com os casos mais graves de psicose. Seus resultados estão sendo publicados on-line este mês no JAMA Psychiatry.

"Nós sabemos que distúrbios como a esquizofrenia vêm com um declínio funcional, bem como um declínio cognitivo concorrente", diz Ruben Gur, PhD, diretor do Laboratório de Comportamento e Cérebro e professor de Neuropsicologia na Escola Perelman de Medicina da Universidade da Pensilvânia. "A maioria dos médicos tem uma base clínica para avaliar a psicose, mas uma ideia menor de como é a melhor forma de avaliar e medir um declínio na função cognitiva. Para tornar isso mais fácil e para ajudar no diagnóstico e tratamento precoces, criamos `gráficos de crescimento’ de desenvolvimento cognitivo para integrar o comportamento do cérebro no processo de diagnóstico."

A psicose é uma doença mental grave, caracterizada por alucinações, delírios, retraimento social e uma perda de contato com a realidade. Genética e ambiente, incluindo trauma físico ou emocional, podem desempenhar um papel no seu desenvolvimento. Os pesquisadores de Penn avaliaram o comportamento do cérebro de um grupo de cerca de 10.000 pacientes com idades entre oito e 21 no Hospital Infantil da Filadélfia a partir de novembro de 2009 até novembro de 2011, incluindo 2.321 que relataram sintomas psicóticos. Destes, 1.423 relataram sintomas psicóticos significativos, 898 sintomas psicóticos limitados, e 1.963 foram crianças com desenvolvimento típico, sem quaisquer transtornos clínicos ou mentais.

Os pesquisadores fizeram uma avaliação psiquiátrica estruturada, procurando sintomas de psicose, ansiedade, alterações de humor, déficit de atenção, comportamentos disruptivos e transtornos alimentares. A equipe também aplicou 12 testes computadorizados neurocognitivos para avaliar o desenvolvimento do cérebro de cada criança em vários domínios: função executiva, testes de abstração e flexibilidade mental, atenção e memória de trabalho, memória episódica, conhecimento de teste de palavras, rostos e formas; cognição complexa, avaliação verbal e raciocínio não-verbal e processamento espacial; cognição social, identificação de emoções, intensidade e diferenciação estimativa da idade; e a velocidade sensório-motor, para entender o funcionamento de suas habilidades motoras e sensório-motoras.

Os resultados foram analisados ​​para prever a idade cronológica para cada criança. Eles mostraram que aqueles com os sintomas psicóticos mais extremos tinham uma idade cronológica inferior à indicada, em comparação com o grupo com desenvolvimento normal e o grupo com outros sintomas psiquiátricos.

 "Dividindo mais, descobrimos que os meninos no espectro da psicose mostraram um declínio precoce na memória e compreensão social e complexa, em comparação com crianças com desenvolvimento típico, enquanto as meninas mostraram atraso mínimo na memória através de todas as idades, com uma defasagem na cognição complexa aparecendo mais tarde no desenvolvimento", explica Gur. Isto parece seguir as diferenças no modo como desordens tais como a esquizofrenia se manifestam entre os sexos.

Além disso, a equipe usou os resultados para concluir que os atrasos associados com sintomas psicóticos parecem ser entre seis e 18 meses, e os alunos estão quase um ano atrás já aos oito anos. Após 16 anos, o atraso se amplia em todos os domínios, o que acompanha a literatura mostrando déficits cognitivos em crianças em idade escolar, eventualmente, com diagnóstico de psicose.

"Nós agora temos uma ferramenta para pais, educadores e médicos avaliarem os sintomas clínicos das crianças, combinados com o funcionamento do cérebro, para auxiliar na detecção precoce e intervenções orientadas a fazer a diferença para as crianças afetadas antes que sua doença progrida", diz Gur.

FONTE: Perelman School of Medicine at the University of Pennsylvania. (2014, February 11). `Growth charts’ for cognitive development may lead to earlier diagnosis, treatment for children with risk for psychosis. Science Daily. Retrieved February 13, 2014 from www.sciencedaily.com/releases/2014/02/140211162513.htm