O que é terapia do esquema?
23 de Setembro de 2022
Dentro da terceira onda das terapias cognitivo-comportamentais, a terapia do esquema (TE) foi desenvolvida pelo psicólogo norte-americano Jeffrey Young e colaboradores na década de 1990 e vem se mostrando relevante e bastante indicada para muitos casos e demandas clínicas.
A terapia do esquema parte da noção de que as pessoas têm cinco grandes necessidades emocionais fundamentais, que são: vínculos seguros, autonomia, limites, liberdade de expressão e espontaneidade e lazer.
A partir da combinação (que é única de cada indivíduo) de seu temperamento com o não suprimento das necessidades (principalmente na infância, na relação com os cuidadores), ocorre a formação de esquemas iniciais desadaptativos (EIDs).
Existem quatro tipos de experiências que estimulam diretamente a aquisição de EIDs segundo os teóricos da TE: frustração nociva das necessidades, traumas, demasiada indulgência e internalização de padrões de pessoas importantes.
Ao todo, são 18 esquemas classificados e, atualmente, validados e distribuídos entre as cinco categorias de necessidades emocionais.
INTERPRETAÇÕES E COMPORTAMENTOS
Conforme os estudiosos da terapia do esquema, os EIDs, quando ativados, guiam as interpretações e os comportamentos dos indivíduos na interação com a realidade.
O ponto central sobre os esquemas iniciais desadaptativos é que eles causam sofrimento às pessoas e estão na base das psicopatologias e dos problemas de modo geral das interações com a realidade.
A partir dos EIDs, as pessoas adotam estilos de enfrentamento e modos de funcionamento que consistem em respostas emocionais e comportamentais determinadas especialmente pelos estilos de temperamento de cada um.
Os estilos de enfrentamento são: resignação, evitação e hipercompensação. Por meio dessas respostas combinadas com distorções cognitivas e padrões autoderrotistas, é que os esquemas se perpetuam.
CONSCIÊNCIA PSICOLÓGICA
Portanto, um dos principais trabalhos dos psicoterapeutas que atuam com a terapia do esquema deve ser o de promover consciência psicológica do funcionamento do paciente.
Muitas vezes, será necessário acessar o indivíduo pelos modos de funcionamento, já que, em algumas demandas, não se consegue primariamente transpor barreiras e chegar nos EIDs.
Os modos de funcionamento abarcam mais nuances das estratégias de operação dos esquemas e, de forma original, foram divididos em quatro grupos: modos crianças (vulnerável, zangada, impulsiva, indisciplinada e feliz); modos pais disfuncionais (punitivo/crítico e exigente); adulto saudável; e modos de enfrentamento desadaptativos ligados aos estilos de enfrentamento.
É importante compreender a função de cada um dos modos e objetivos terapêuticos ligados a eles, considerando a relação com as demandas e queixas dos pacientes.
MANUAL
Lançado recentemente pela Sinopsys Editora, o “Manual de técnicas em terapia do esquema”, de autoria da psicóloga Natanna Taynara Schütz, propõe 198 técnicas diretas para o trabalho com os 18 EIDs, além de inúmeras estratégias, sugestões de tarefas de casa e orientações baseadas em intervenções cognitivas, vivenciais/emocionais, comportamentais e interpessoais.
Na elaboração de cada uma das técnicas e estratégias terapêuticas, foram considerados também conhecimentos advindos de outras linhas de psicoterapia da terceira onda em razão do caráter integrativo que vem se mostrando cada vez mais apropriado.
Além disso, foram utilizados conceitos e estratégias voltados para o trabalho com os esquemas iniciais adaptativos, que estão ganhando destaque na terapia do esquema em função do equilíbrio necessário entre os fatores negativos e positivos envolvidos na vida das pessoas, os quais, quando trabalhados paralelamente, podem ser ainda mais eficientes.
Dessa forma, a obra visa a contribuir com ferramentas atualizadas para as intervenções psicoterapêuticas, auxiliando na atuação dos profissionais da área.