Embora a TE voltada ao público infanto-juvenil tenha os mesmos princípios básicos do tratamento com os adultos, os aspectos relacionados ao desenvolvimento afetivo, cognitivo, emocional, social e moral exigem adaptações técnicas que respeitem as especificidades de cada faixa etária, como o desenvolvimento cognitivo.
É essencial que o profissional da saúde também considere o fato de que esses pacientes geralmente não iniciam o processo terapêutico por vontade própria, mas são levados ao psicólogo por algum problema que nem sempre percebem como desadaptado.
Muitas vezes são encaminhados à terapia porque seus comportamentos prejudicam o funcionamento de determinada instituição, como a família ou a escola, por exemplo. Além disso, eles não têm o controle sobre o início e/ou término do processo terapêutico.
Devido ao fato de que crianças e adolescentes têm pouco ou nenhum controle sobre seu tratamento, cabe ao terapeuta motivar ao máximo o envolvimento do indivíduo com a terapia.
DIAGNÓSTICO PRECOCE E PREVENÇÃO
O valor de se promover cognições adaptadas na infância e adolescência é inestimável, pois o bom desenvolvimento afetivo-cognitivo é um fator protetivo importante. Por sua vez, crenças desadaptativas mantidas desde cedo tornam-se fatores predisponentes de vários transtornos mentais ao longo de todo ciclo vital da pessoa.
Por isso, o uso da terapia do esquema com crianças e adolescentes tem sido cada vez mais valorizada especialmente no âmbito dos diagnósticos precoces, visando tratamentos mais eficazes, e da prevenção de distúrbios psicológicos na vida adulta.
As intervenções da TE atuam sobre as raízes dos esquemas desadaptativos normalmente resultantes de necessidades emocionais universais não atendidas na infância e que levam a padrões de comportamento disfuncionais ou autodestrutivos.
Sendo assim, o terapeuta busca identificar quais são as dificuldades vivenciadas naquele momento pelo indivíduo, eventos anteriores importantes, qual a percepção que tem de si mesmo e do outro. Crenças, estratégias de recompensa e expectativas da família também têm relevância no tratamento.
ESCOLA ALEMÃ
A escola alemã tem contribuído significativamente na terapia do esquema com crianças e adolescentes.
Nessa visão, o que torna a TE atraente é a combinação de um modelo de desenvolvimento baseado na interação entre ambiente e genética com um arsenal interventivo que se baseia em técnicas cognitivas, comportamentais e vivenciais que visam melhorar a qualidade relacional dos pacientes e também entre pais e filhos.
COACHING
Há uma ênfase em todas as publicações da escola alemã sobre a necessidade da colaboração dos pais ou outros responsáveis na terapia do esquema com crianças e adolescentes.
O objetivo da mesma é similar ao processo de coaching, nesse caso, chamado de coaching de esquemas.
Consiste em ensinar cuidadores e educadores a reconhecerem as necessidades emocionais das crianças e dos adolescentes e a intervirem nos comportamentos inadequados causados pelos esquemas iniciais desadaptativos (EIDs), ajudando-os a satisfazerem suas necessidades adequadamente e organizando seu mundo de maneira mais saudável.
Esse treinamento é fundamental para que o terapeuta destaque a importância da estabilidade dos adultos para que a garotada tenha segurança nos vínculos.
O profissional deve estimular, por exemplo, que pais e filhos tenham momentos felizes e de lazer, mostrando a eles que é correto se divertir e ser espontâneo.
Também cabe ao terapeuta fazer com que os cuidadores realmente possam expressar interesse empático e verdadeiro na expressão das emoções das crianças e dos adolescentes, o que ajuda na expressão e compreensão dos sentimentos.