Por que integrar TCC e abordagens de terceira onda?

É crescente a integração da terapia cognitivo-comportamental (TCC) com abordagens de terceira onda, as chamadas terapias contextuais, que focam em aspectos como a forma como a linguagem afeta a experiência humana, a relação terapêutica, o conceito de mindfulness (atenção plena), o self como contexto e a aceitação.

O termo terapia integrada se refere a abordagens que combinam teoria e prática de diversas e diferentes terapias baseadas em evidências. Uma abordagem integrada deve ser coerente, na medida em que faça sentido para o cliente e o terapeuta, e teoricamente robusta, tendo princípios subjacentes claros.

A TCC+ é um exemplo de muitas possibilidades para integração de conhecimento e técnicas. Combina teoria cognitivo-comportamental (TCC) com terapia de aceitação e compromisso (ACT, pronunciada como uma palavra única, do inglês acceptance and commitment therapy), terapia comportamental dialética (DBT, do inglês dialectical behavior therapy) e terapia focada na compaixão (TFC).

Existem prós e contras na combinação de terapias. Alguns prós incluem o fato de que a maioria dos terapeutas participa de treinamentos em várias terapias em diferentes níveis, absorvendo novas teorias e habilidades, e continuam a usá-las em sua prática.

Também entre os prós está o fato de que é melhor ter uma abordagem consistente em vez de uma reativa, pontual, que pode acontecer se o terapeuta aplicar aleatoriamente o conhecimento no momento.

Outro ponto a favor é o fato de o terapeuta ter a obrigação de entregar as melhores intervenções possíveis. Além do mais, nenhuma abordagem tem todas as respostas, pois o campo ainda está em sua fase inicial.

E ainda: focar nos processos de mudança terapêutica e em como facilitá-los com os clientes permite ao terapeuta pensar, trabalhar e pesquisar de maneira transdiagnóstica e transterapêutica.

Entre os prós da combinação de terapias, estão os fatos de que o terapeuta pode perder o “rigor” necessário para formular os casos e planejar intervenções efetivamente e de que as teorias que embasam diferentes abordagens podem ser fundamentalmente incompatíveis e se chocarem em áreas significativas.

Além do mais, o terapeuta pode não ser capaz de garantir a efetividade da intervenção: embora cada terapia tenha uma base de evidências, novas integrações podem não ter sido testadas.

E ainda: o terapeuta pode ter que começar tudo de novo, buscando a efetividade de uma nova abordagem ou de muitas diferentes abordagens que integram terapias de formas diferentes e únicas.

Nesse contexto, é sugerida a estratégia da DBT de “entrar no paradoxo”, ou seja, observar os opostos aparentes e simplesmente tê-los em mente.

O livro “Integrando TCC e terapias de terceira onda” está entre os recentes lançamentos da Sinopsys Editora. De autoria de David Pearson e Fiona Kennedy, oferece uma abordagem informativa para integrar terapias baseadas em evidências.

Os capítulos teóricos revisam brevemente quatro terapias: TCC, DBT, ACT e TFC. Os autores identificam os processos de mudanças nucleares e examinam como cada abordagem contribui para a integração de todas elas.

São apresentados tópicos como influência das adversidades no início da vida no bem-estar mental posterior, fundamentos teóricos de mindfulness, análise comportamental, reviver e reescrever e dissociação.

Esta obra auxilia terapeutas a estruturarem as sessões com os clientes, além de apresentar como seguir uma abordagem teórica e oferecer uma estrutura terapêutica para o trabalho clínico integrado.

Também fornece subsídios para a prática reflexiva e para a supervisão, sendo recurso essencial para estudantes que estão aprendendo sobre uma variedade de abordagens terapêuticas.

A publicação faz parte da série Características Distintivas, que convida os mais importantes clínicos e teóricos das principais terapias entre as terapias cognitivo-comportamentais a destacarem as características fundamentais e distintivas das abordagens que utilizam.