Psicanálise é só Freud? Conheça outros teóricos importantes - Sinopsys Editora
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Psicanálise é só Freud? Conheça outros teóricos importantes

Psicanálise é só Freud? Conheça outros teóricos importantes

08 de Dezembro de 2021

A psicanálise foi fundada pelo neurologista e psiquiatra austríaco Sigmund Freud no final do século 19, mas há outros autores e teóricos que contribuíram para o movimento psicanalítico.

No início do século 20, após um período de trabalho isolado, Freud passou a se reunir em sua sala de espera com um seleto grupo de brilhantes colaboradores, entre eles, o médico neurologista húngaro Sándor Ferenczi, o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung e os psicólogos austríacos Otto Rank e Alfred Adler.

Assim começaram as conhecidas reuniões das quartas-feiras, nas quais trocavam ideias científicas a respeito de casos clínicos de psicanálise e discutiam os nascentes aspectos associativos e administrativos. Mais tarde, esses encontros instituíram a Sociedade Psicanalítica de Viena.

Embora tenha havido resistência aos novos conceitos nos primeiros anos, Freud e seus seguidores conseguiram divulgá-los para todo o mundo. Ao longo do tempo, suas ideias — convergentes e divergentes — contribuíram para a construção e a evolução da psicanálise como ela é hoje.


INTROJEÇÃO E PROJEÇÃO


Ferenczi, conhecido por ser um importante colaborador na prática clínica de Freud, dedicou toda sua obra procurando ampliar os limites terapêuticos da psicanálise com a preocupação no tratamento de psicóticos, de pacientes psicossomáticos e casos-limites.

Entre seus interesses teóricos, destacam-se os temas da introjeção e projeção; a ênfase sobre o papel estruturante do objeto externo no desenvolvimento psíquico; a regressão na cura analítica; a importância dos vínculos (relação mãe e bebê); e o impacto do trauma infantil na constituição do sujeito.


GÊNESE DA NEUROSE


Outro discípulo de Freud, o psiquiatra, sexólogo, psicanalista, biólogo e físico austríaco-americano William Reich propôs a gênese da neurose como consequência dos conflitos de poder que se estabelecem nas relações sociais e suas implicações emocionais e psicológicas.

Na visão dele, a repressão ocorre não apenas no plano psíquico, mas também no físico, gerando tensão muscular e, com o tempo, dores crônicas e doenças. Segundo Reich, uma "armadura" ou "couraça" molda o físico e o caráter do indivíduo e determina como essa pessoa encara sua existência.


TRATAMENTO PARA CRIANÇAS


Filha de Freud e pedagoga de formação, Ana Freud foi professora infantil por um curto período de tempo e logo se juntou ao círculo de discípulos do pai, se tornando psicanalista.

Iniciou o tratamento voltado para o público infantil, sendo a pioneira na área, estabelecendo clínicas e berçários para crianças que eram vítimas da guerra, sobreviventes do holocausto ou que estavam sendo atormentadas de outras maneiras em suas vidas.


CONCEITO DE INCONSCIENTE


Por sua vez, a psicoterapeuta austríaca Melanie Klein é considerada uma das autoras que mais contribuíram na compreensão do conceito de inconsciente da psicanálise.

Com vários problemas na família, incluindo a morte de dois irmãos e da mãe, dificuldades na criação dos filhos e com seu casamento, ela iniciou psicoterapia com Ferenczi, que foi seu grande incentivador. Estimulada por ele, começou o atendimento a crianças.

Suas contribuições para a psicanálise incluem o entendimento de que os primeiros momentos de vida extrauterina do bebê promovem importantes impactos sobre sua construção psíquica e a inclusão do lúdico no trabalho psicanalítico.

Englobam, ainda, o reconhecimento de paralelos nas terapias psicanalíticas em adultos através da interpretação de sonhos com brincadeiras terapêuticas com crianças e o paralelo da técnica da associação livre clássica com as verbalizações das crianças ao brincar.

Discípulo de Melanie, o pediatra inglês Donald Winnicott defendia que cada ser humano traz um potencial inato para amadurecer e para se integrar, mas que sua realização depende de um ambiente facilitador que forneça os cuidados que o indivíduo precisa, sendo que, no início, esse ambiente é representado pela "mãe suficientemente boa".


PARCERIA ROMPIDA


Jung, fundador da psicologia analítica, iniciou sua trajetória com Freud, com quem fez uma parceria para estudos da mente. Antes de trabalharem juntos, Jung enviou a Freud cópias de seus trabalhos sobre a existência do inconsciente, confirmando concepções freudianas de recalque e repressão.

Posteriormente, ambos passaram a se corresponder. O primeiro encontro deles, em 27 de fevereiro de 1907, transformou-se numa conversa de treze horas ininterruptas. Depois disso, estabeleceram uma amizade de aproximadamente sete anos.

Essa parceria nas descobertas e definições do inconsciente acabou se rompendo após divergências e disputas a respeito do significado da libido. E para Jung, a psicanálise deveria ir além de sua ênfase na sexualidade.


OUTRAS DISCORDÂNCIAS


Outras discordâncias entre os seguidores de Freud marcaram o movimento psicanalítico e contribuíram para sua construção ao longo dos anos. Um dos primeiros seguidores a divergirem foi Adler, que, em 1907, publicou a obra `Estudo de inferioridade orgânica’, em que afirmava que "ser humano significa possuir uma sensação de inferioridade".

De acordo com a teoria de Adler, os impulsos eróticos primitivos do ser humano não são sexuais, mas agressivos. Ele também afirmava que a neurose tem uma causa orgânica, que advém de uma inferioridade orgânica original, portanto a biologia é determinante na vida das pessoas.


TEMPO DA TERAPIA


Já Ferenczi tinha seu interesse voltado para uma versão mais curta de tratamento. Com esse intuito, experimentou várias formas de acelerar o processo preconizado por Freud. Além disso, enfatizava a importância da natureza impessoal da terapia.

Rank, que também tinha uma preocupação relacionada ao tempo de conclusão da análise, foi mais um seguidor que acabou discordando das ideias de Freud.

Em 1924, Ferenczi e Rank publicaram o livro `O desenvolvimento da psicanálise’, no qual defendem a redução do tempo de tratamento e a ideia de que as experiências ocorridas na infância talvez não sejam tão importantes, podendo o paciente adulto lidar rapidamente com seus problemas.

Além disso, em seu livro `O trauma do nascimento’, Rank discorre sobre o trauma do nascimento e a fantasia de voltar para o útero materno. Na publicação, ele afirma que esses são fatores mais importantes que os estágios posteriores, durante o desenvolvimento infantil, e que o complexo de Édipo.


ESTÁDIO DO ESPELHO


Por sua vez, opondo-se aos pós-freudianos que promoveram a psicanálise buscando fundamentações na biologia, o psiquiatra francês Jacques Lacan escolheu a linguística e a lógica para reconfigurar a teoria do inconsciente.

Ele é responsável pela elaboração do conceito de estádio do espelho, que se refere ao período que vai, aproximadamente, dos seis aos 18 meses de idade do indivíduo. Caracteriza-se pela representação da unidade corporal pela criança e por sua identificação com a imagem do outro.
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Tags

Freud, Sándor Ferenczi, Carl Gustav Jung, Otto Rank, Alfred Adler, Sociedade Psicanalítica de Viena, Jacques Lacan.

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