Quando a necessidade de vínculos seguros não é suprida

As pessoas nascem pré-programadas para a conexão, o vínculo e o apego. É por meio disso que se regulam emocionalmente, sentem-se amparadas, seguras e amadas. Os pais são os vínculos mais significativos para os filhos durante a infância, impactando da forma mais profunda as relações que serão construídas ao longo da vida.

Nos primeiros anos de vida, as crianças que não recebem vínculos seguros de suas famílias costumam experienciar um intenso sentimento de solidão oriundo do desamparo, uma das coisas mais dolorosas para o ser humano.

A segurança também exerce impactos psicológicos significativos durante a infância, seja ela física ou emocional. Crianças que não são protegidas e sofrem algum tipo de abuso carregam marcas profundas ao longo da vida e geralmente formam o esquema de desconfiança.

Autovalor

Outro prejuízo significativo do ponto de vista emocional e que perpassa os vínculos seguros diz respeito ao senso de autovalor uma vez que a avaliação dos pais a respeito do valor da criança é uma importante referência para a vida dela.

É como se o valor que os pais dão aos filhos na infância fosse sua referência de autovalor ao longo da vida. Muitos pais, ao usarem termos depreciativos e xingamentos para se referirem aos filhos, condicionam o amor à ausência de “defeitos”, o que é humanamente impossível.

Crianças tratadas de formas depreciativas, ridicularizadas por seus pais em situações em que não agiram conforme eles esperavam ou que cometeram erros, podem acabar passando a acreditar que são defectivas e vergonhosas.

Vida social

Por fim, vínculos seguros também pressupõem inserir os filhos na vida social, entendendo que, como seres sociais, precisam dessa interação como um importante critério de saúde mental.

Muitas crianças experienciam o sentimento de que são diferentes dos outros, de que não conseguem se encaixar em grupos e formar relações mais próximas e seguras emocionalmente com as pessoas.

Isso pode ser oriundo de várias questões, mas algumas bastante comuns são: mudanças constantes de lugares (fazendo a criança mudar constantemente seus vínculos) e características da família ou da criança que não são bem conduzidas no sentido de inclusão, gerando o sentimento de inadequação, que, muitas vezes, leva ao isolamento social.

Ferramenta

Existem seis grandes atitudes parentais fundamentais para atender à necessidade de vínculos seguros na vida das crianças: ser presente emocionalmente; lidar com estabilidade emocional com as demandas da criança; oferecer proteção; falar sobre os sentimentos; ensinar que erros são normais; e não isolar os filhos.

O assunto é aprofundado no livro ‘Do que a infância do seu filho precisa: compreenda as necessidades emocionais com base na teoria do esquema’, de autoria da psicóloga Natanna Taynara Schütz e publicado pela Sinopsys Editora.

Direcionado a pais ou outros cuidadores, trata-se de um guia prático baseado na terapia do esquema que, ao mesmo tempo que clarifica as necessidades emocionais dos filhos, ajuda os adultos a entenderem os impactos de sua própria infância.

De fácil leitura, a escrita está organizada de forma que o leitor se sinta compreendido em suas dores emocionais e seus desafios e seja encorajado a continuar melhorando na significativa missão que é criar outro ser humano, praticando, assim, uma parentalidade mais consciente e assertiva.