Recordar memórias positivas diminui a depressão induzida pelo estresse.
14 de Agosto de 2015
Em uma notável demonstração do poder curativo de memória, publicada em Nature, cientistas demonstraram que reativação artificial de memórias armazenadas durante uma experiência positiva pode suprimir os efeitos da depressão induzida pelo estresse. A pesquisa, conduzida por cientistas do Centro RIKEN-MIT, uma colaboração conjunta do Instituto de Ciências do Cérebro Riken, no Japão e do MIT, mostra como as memórias positivas e negativas interagem em transtornos do humor.
A pesquisa, conduzida no laboratório do Instituto de Ciência do Cérebro RIKEN, por Susumu Tonegawa, professor do MIT e, em 1987, Prêmio Nobel pela descoberta da diversidade dos anticorpos, aborda uma questão de longa data quanto ao efeito que a memória positiva possui de sobrescrever uma negativa. A pesquisa utilizou a engenharia genética para criar ratos nos quais as células de memória de uma área do cérebro chamada de giro denteado (DG) puderam ser marcadas enquanto memórias formadas, e depois reativadas com uma fibra óptica, implantada no DG - que é uma região interligada ao hipocampo. A equipe poderia então ligar células de memória criadas durante experiências anteriores. Enquanto eles estavam deprimidos, a fibra óptica foi usada para estimular a DG de alguns ratos e reativar as células de memória para a experiência positiva. Surpreendentemente, isto resultou numa recuperação robusta a partir do estado deprimido.
Para examinar se este tipo de recuperação da depressão pode incluir alterações persistentes em circuitos cerebrais que permanecem, mesmo na ausência de estímulo de luz, os pesquisadores forneceram "a terapia da luz" à DG ao longo de 5 dias, garantindo a reativação sustentada das memórias positivas. Ratos que receberam essa terapia foram resistentes aos efeitos negativos da depressão induzida pelo estresse, sugerindo que o armazenamento da memória de experiências positivas no DG pode ser usado para suprimir ou substituir os efeitos nocivos do estresse sobre o comportamento, um novo conceito de controle do humor.
Os resultados têm implicações importantes para a persistência da memória negativa ao se lidar com o estresse e a depressão. A interação de experiências positivas e negativas e suas memórias correspondentes é mal compreendida, mas os resultados abrem o caminho para novas abordagens na terapia de transtorno de humor que podem ser úteis para os doentes no futuro. Os autores dizem que é muito cedo para concluir se as memórias positivas em geral podem atenuar os efeitos da depressão estressante. No entanto, é evidente que as células DG são alvos promissores para abordagens terapêuticas para os estados de humor mal-adaptativos.
FONTE: RIKEN. (2015, 17 de junho). Recalling positive memories reverses stress-induced depression. Science Daily. Acessado 24 de junho de 2015 a partir de www.sciencedaily.com/releases/2015/06/150617134730.htm