Saiba reconhecer as dificuldades psicológicas do puerpério
07 de Maio de 2021
Dificuldades psicológicas do puerpério podem ser experienciadas por muitas mulheres após darem à luz aos seus bebês. Mas para entendê-las melhor e oferecer auxílio, primeiro é preciso compreender o assunto de forma mais abrangente. Puerpério é o período de pós-parto que vai desde o nascimento da criança até a primeira menstruação da mãe.
Estendendo-se, geralmente, de 45 a 60 dias, dependendo também do período de amamentação, ele é caracterizado por diversas transformações fisiológicas, hormonais e emocionais e se divide no puerpério imediato (do primeiro ao décimo dia do pós-parto), puerpério tardio (11º ao 42º dia do pós-parto) e puerpério remoto (a partir do 43º dia do pós-parto).
Fisicamente, os órgãos internos e a fisiologia da mulher estão retornando às características anteriores à gravidez. Já em se tratando do emocional, as dificuldades psicológicas do puerpério estão mais ligadas ao período de tempo que ela leva para se adaptar à chegada do filho e ao seu novo papel de mãe.
Nesse sentido, é comum que a mãe intercale mudanças bruscas de humor, sentindo muita alegria pelo nascimento do filho em um momento e, em outro, sendo tomada por ansiedades vinculadas às situações desconhecidas que começa a enfrentar, como ter que amamentar e cuidar de outro ser humano. Todas elas motivadas por diversas dúvidas e medos, como de não ser capaz de criar seu bebê.
O próprio cansaço e esgotamento trazidos pela nova rotina de cuidados com o recém-nascido também acabam somando às dificuldades psicológicas do puerpério. Sendo que as mães ainda podem chegar a experienciar sentimentos negativos em relação ao filho, como de decepção por seu gênero, aparência ou outro fator. Todas essas transformações psicológicas são capazes de gerar transtornos emocionais.
BABY BLUES
Entre os distúrbios que podem ser desencadeados pelas dificuldades psicológicas do puerpério, o baby blues é comumente chamado de `tristeza materna’ e se caracteriza por sintomas leves de depressão, como tristeza, choro, insônia, ansiedade, mudanças de humor, entre outros. Manifestando-se em cerca de 50% das novas mães, está ligado a questões hormonais, como a queda de níveis de estrogênio.
Isso porque o baixo nível de estrogênio afeta o metabolismo de neurotransmissores como dopamina e serotonina. Aparecendo geralmente logo depois do parto, o baby blues costuma desaparecer em até duas semanas; não é considerado patológico e não costuma requerer tratamento clínico.
Precisando receber conforto, segurança e amparo, as mães necessitam, nessa fase, de uma rede de apoio familiar. Colaborando para que a mãe tenha tempo e um ambiente favorável para se conectar com o filho, essa rede de apoio pode contribuir realizando tarefas como organização da casa e preparo das refeições. A escuta e o acolhimento também são suportes muito importantes que podem ser oferecidos pelos familiares e entes queridos.
DEPRESSÃO PÓS-PARTO
Embora tenha sintomas similares ao baby blues, a depressão pós-parto é uma das dificuldades psicológicas do puerpério que despertam sentimentos de tristeza, desânimo e até transtornos por uso de substâncias e ideação suicida, entre outros, de forma muito mais intensa, profunda e duradoura nas novas mães.
Podendo durar pelo menos um ano em 30% a 50% das mulheres acometidas, a patologia pode até mesmo se desenvolver como um agravamento de um quadro de baby blues ou aparecer durante a gravidez. Além da dificuldade de criação de vínculos entre a mãe e o bebê, a depressão pós-parto pode gerar problemas de relacionamento com os demais familiares e dificuldades de amamentação.
É comum que as mulheres se sintam envergonhas por estarem deprimidas depois do nascimento do filho e podem tentar ocultar os sintomas. Por isso, os familiares devem estar atentos, visto que o acompanhamento médico é fundamental nesses casos. Os tratamentos costumam incluir acompanhamento terapêutico e uso de antidepressivos, observando os medicamentos que são permitidos durante o período de amamentação.