Supervisão em terapia cognitiva
07 de Novembro de 2022
A supervisão em terapia cognitiva é um tema de extrema relevância e que ainda conta com poucas publicações acerca de sua prática e de seus métodos de trabalho. É considerada uma das ferramentas mais importantes para a formação de terapeutas e sua definição é um desafio devido à diversidade de variáveis que influenciam o processo.
De forma geral, entende-se que a supervisão é um momento contratual de relação formal e colaborativa entre supervisor e supervisionando, tendo como objetivos o desenvolvimento, o ensino e a aprendizagem da prática clínica.
Ser um bom supervisor exige qualidades diferentes das exigidas para ser um bom terapeuta ou ainda um bom professor. A complexa função exige que o profissional tenha amplos conhecimentos de psicopatologia descritiva e dos fundamentos do processo psicoterápico.
Da mesma forma, são imprescindíveis tanto o conhecimento da prática quanto o dos meios para transmitir esse conhecimento, priorizando o que for mais importante e escolhendo a melhor forma de orientar o colega, seu supervisionando.
MODELO MAIS UTILIZADO NO BRASIL
No modelo de supervisão mais utilizado no Brasil, cujo papel do supervisor é didático-pedagógico, a supervisão possui quatro objetivos principais: fortalecer os conhecimentos teóricos do aluno, ensinar uma conduta ética, garantir a capacitação para o atendimento clínico e garantir que o paciente tenha um atendimento adequado.
Os aspectos da supervisão em terapia cognitiva a serem observados pelo supervisor incluem o empirismo colaborativo, a descoberta guiada e a estruturação do tratamento. Esses itens são fundamentais para os resultados terapêuticos e podem ser avaliados, reforçados e, principalmente, reproduzidos no contexto da supervisão.
O empirismo colaborativo reflete o trabalho em equipe desenvolvido pelo terapeuta e pelo paciente em busca dos objetivos do tratamento de forma interativa e sujeita a feedbacks mútuos. A obtenção dessa colaboração envolve aspectos subjetivos como empatia e confiabilidade, além dos sentimentos e das cognições direcionadas de uma outro.
Já a descoberta guiada consiste em um processo de aprendizagem fundamental nas terapias cognitivas baseada na suposição de que as pessoas aprendem a reestruturar seus pensamentos de modo mais eficaz e com modificações emocionais mais sólidas quando a mudança parte de seus próprios insights e não do terapeuta.
Assim, além de fornecer informações atualizadas e relevantes, o supervisor deve ser capaz de problematizar as atuações a fim de levar o aluno a reflexões que promovam a descoberta guiada.
Por sua vez, a utilização de uma estrutura durante a supervisão em terapia cognitiva, seja individual ou em grupo, favorece a identificação de vieses e dificuldades específicas do supervisionando que poderiam ser mascarados por uma narrativa desorganizada e totalmente intuitiva do processo terapêutico.
LITERATURA
Organizado pelo psicólogo Wilson Vieira Melo e publicado pela Sinopsys Editora, o livro “Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em terapia cognitiva” é um compêndio avançado das mais recentes e promissoras inovações na TCC e nas modalidades de terapia da terceira onda.
Seus 24 capítulos, escritos pelos principais pesquisadores e profissionais brasileiros, portugueses e britânicos em psicoterapia cognitivo-comportamental, são divididos em três partes. A primeira aborda as diferentes estratégias psicoterápicas utilizadas nas terapias cognitivas da atualidade com crianças, adolescentes e adultos.
Já a segunda parte apresenta algumas das principais abordagens da terceira onda em terapia cognitiva. Por fim, a terceira parte traz alguns dos temas que, embora tenham grande potencial de interesse em terapia cognitiva, dispõem de pouca ou nenhuma bibliografia em português.