Técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental com crianças e adolescentes

O uso das técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental com crianças e adolescentes apresenta resultados efetivos. Para esses pacientes, que podem ter maiores dificuldades em prestar atenção, identificar e monitorar suas emoções e seus pensamentos, tais intervenções reduzem a intensidade e a frequência dos comportamentos disfuncionais e aumentam os almejados.

Assim como em outras abordagens teóricas, a TCC na clínica infantil e adolescente deve ser fomentada e estimulada no sentido preventivo e de aumentar e valorizar a atenção ao sofrimento psíquico nessas faixas etárias. O objetivo é garantir um desenvolvimento saudável ao longo do ciclo vital.

Além de trabalhar com os pacientes de forma colaborativa na busca de soluções, é essencial o uso de diversificadas estratégias e técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental com crianças e adolescentes para auxiliá-los a desenvolverem suas habilidades cognitivas.

Tais técnicas precisam ser escolhidas de acordo com os objetivos que o profissional pretende alcançar no tratamento. E devem ser adaptadas à faixa etária e às habilidades cognitivas de cada paciente.

Para começar, o terapeuta deve dispor de uma sala com vários tipos de brinquedos e outros recursos lúdicos que favoreçam a interação com esses pacientes. As atividades divertidas facilitam a eles expressarem suas experiências, preocupações e seus conflitos.

Entre os exemplos, constam materiais para desenhar e pintar, argila para modelar, bonecos da família, animais e outros personagens, além de jogos estruturados, tanto cooperativos, quanto competitivos, que permitem a avaliação dos processos do indivíduo.

Pode ser interessante, ainda, a presença de brinquedos úteis para metáforas no trabalho de reestruturação cognitiva, como lentes de aumento, óculos e balanças.

Independentemente do diagnóstico do paciente, é importante que ele consiga identificar suas emoções e as dos outros, pois isso interferirá nos tipos de relacionamento que serão estabelecidos ao longo da vida. Para ajudá-lo nesse sentido, podem ser utilizados recursos para identificar suas emoções, como baralhos, jogos e livros.

Também entre as técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental com crianças e adolescentes, está o monitoramento dos pensamentos automáticos, aqueles que fogem do controle do paciente, por meio de registros.

Outra técnica da TCC que pode ser utilizada com esses pacientes é a psicoeducação, que tem como função orientá-los quanto ao seu funcionamento, diagnóstico, sintomas e sobre o próprio tratamento, facilitando o processo de mudança.

Com crianças menores, é possível fazer uso de uma psicoeducação indireta, através de metáforas, histórias ou de personagens que não se refiram diretamente a elas. Uma psicoeducação diretiva pode ser útil, contanto que mantenha o caráter lúdico.

Uma técnica comumente utilizada na TCC com adultos que pode ser adaptada ao trabalho com crianças e adolescentes é a de resolução de problemas. Consiste em especificar um problema de modo a projetar soluções viáveis e, dessa forma, selecionar uma solução, seguida da implementação e avaliação de sua efetividade.

A economia de fichas é mais uma técnica que pode ser utilizada na psicoterapia infantil e adolescente. Serve para ajudar o paciente a aumentar os comportamentos adequados através de uma atenção positiva. Cada vez que o indivíduo manifestar o comportamento almejado, recebe fichas com os pontos relativos.

Também entre as técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental com crianças e adolescentes, consta a analogia do semáforo, que ensina o paciente a identificar e classificar os diferentes tipos de pensamentos.

Nesse caso, os pensamentos vermelhos são aqueles improdutivos, negativos e que impedem o bem-estar. Já os pensamentos amarelos são os que servem para refletir. E os pensamentos verdes são produtivos e incentivam o bem-estar.

Por sua vez, a balança das vantagens e desvantagens é utilizada para tomada de decisões. Nesse caso, o terapeuta pode recortar uma pequena balança de papel, deixando os dois braços móveis para a pesagem. Em um dos lados, o paciente escreve as vantagens. Do outro, as desvantagens.

Cada item ou argumento escrito faz a balança pender para baixo, estando, no final, mais voltada para o lado que tem mais argumentos, auxiliando, assim, na decisão a ser tomada.

Entre as técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental com crianças e adolescentes, também estão as de relaxamento. São úteis para diferentes demandas, mas principalmente em pacientes ansiosos, pois, além dos processos psicológicos, influenciam em respostas fisiológicas que atuam sobre os sintomas físicos da ansiedade.

O relaxamento muscular progressivo, por exemplo, amplamente utilizado com adultos, é utilizado com crianças e adolescentes de maneira adaptada. Nesse caso, os pacientes são levados a tensionar e relaxar diferentes músculos por vez.

A respiração diafragmática também auxilia. Com os pequenos, podem ser utilizadas bolhas de sabão, pois, para que elas se formem, é necessário assoprar lentamente, o que ajuda na regularização da respiração e distração dos sintomas físicos ocasionados pela ansiedade.

Com crianças de zero a seis anos, de modo geral, o trabalho com pais ou outros responsáveis é indispensável na TCC, muitas vezes constituindo a maior parte do tratamento. Já com crianças mais velhas e adolescentes, esse trabalho é considerado desejável, sendo um fator de fortalecimento e sucesso do tratamento.

Ao participarem, os cuidadores podem desempenhar diferentes papéis no tratamento das crianças e adolescentes. Um deles é o de facilitadores. Nesse caso, a intervenção é predominantemente focada no paciente e os adultos são envolvidos apenas para tomarem consciência das intervenções.

Outro papel é mais ativo, com a finalidade de entender a intervenção, acompanhar e fiscalizar o uso de estratégias clínicas e auxiliar na realização do atendimento.

Pais ou outros responsáveis podem, ainda, ter o papel de pacientes na TCC, quando o foco do tratamento é direto no funcionamento cognitivo e comportamental deles, para ajudá-los a reavaliarem suas crenças sobre os filhos e a mudar seus próprios padrões comportamentais.