Transtornos de Aprendizagem na vida adulta: conheça a prevalência
09 de Setembro de 2021
Os Transtornos de Aprendizagem na vida adulta têm uma prevalência de 4% conforme dados da Associação Americana de Psiquiatria.
Engana-se, portanto, quem pensa que tais problemas afetam somente crianças.
Trata-se de distúrbios do neurodesenvolvimento que podem ser definidos como dificuldades persistentes em habilidades acadêmicas
básicas - leitura, escrita ou cálculos matemáticos - sem relação com deficiências sensoriais ou intelectuais.
Se não forem adequadamente diagnosticados e tratados, os Transtornos de Aprendizagem na vida adulta podem gerar problemas como baixo
rendimento e abandono acadêmico, baixa autoestima, depressão e dificuldades para encontrar ou manter um emprego.
Em algum momento, todas as pessoas podem ter dificuldade para memorizar um pedido do chefe ou mesmo de compreender o sentido de um
determinado texto no trabalho ou na faculdade. Isso pode estar relacionado a desatenção casual, falta de conhecimentos específicos ou simplesmente por causa da
agitação de um dia repleto de atividades.
No entanto, quando tais problemas são frequentes, é preciso ficar atento, pois podem estar relacionados a Transtornos de Aprendizagem
na vida adulta.
DISLEXIA
Entre eles, estão graus mais leves e menos perceptíveis de distúrbios neurológicos não diagnosticados na infância, como a
dislexia.
Presente em cerca de 15% da população brasileira, a dislexia consiste em um transtorno congênito e hereditário da decodificação da
linguagem que compromete a capacidade de ler e escrever corretamente.
Em maior ou menor grau, pessoas com dislexia não conseguem associar fonemas às letras que os representam na escrita. Nos casos em que
ela se manifesta de maneira mais sútil, pode não ser identificada na fase escolar.
Sendo assim, passa a gerar dificuldades na vida adulta, já que interfere na leitura e interpretação correta de documentos, livros e
apostilas por exemplo.
SINAIS
Para identificar dislexia desse tipo entre os adultos, o primeiro passo é ficar atento a sinais como dificuldade para compreender a
leitura, o que geralmente faz com que o indivíduo precise reler várias vezes um mesmo texto.
Além disso, pessoas disléxicas costumam cometer erros ortográficos enquanto escrevem, tais como troca, inversão, omissão ou acréscimo
de letras e sílabas. Esse tipo de Transtorno de Aprendizagem na vida adulta também afeta noções de tempo e espaço.
DIAGNÓSTICO
Diante da presença de algum desses sintomas, o procedimento para o diagnóstico da dislexia em adultos é o mesmo aplicado às crianças.
Ou seja, o indivíduo é encaminhado para a avaliação de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, neuropsicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e
neurologistas.
Nesse caso, são utilizados testes para analisar o nível de leitura, vocabulário e habilidades específicas, como memória, atenção e
velocidade de processamento. O objetivo é a certificação de que o paciente realmente apresenta dislexia e não problemas de alfabetização, deficiências visuais e
auditivas ou algum tipo de transtorno emocional ou psicológico.
Como a dislexia não tem cura, o tratamento consiste em um esforço conjunto para criar adaptações pedagógicas que ajudem o paciente a
superar, na medida do possível, os comprometimentos que apresenta em sua capacidade de ler, escrever ou de fazer cálculos matemáticos.
DÉFICIT DE ATENÇÃO
Embora não se enquadre entre os Transtornos de Aprendizagem na vida adulta, outra condição que pode ter um grande impacto na
funcionalidade do indivíduo a depender de sua evolução clínica é o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), caracterizado por um padrão crônico de
desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Isso porque muitas crianças com TDAH deixam de ter sintomas quando adultas, mas continuam a carregar consigo várias limitações que
interferem no âmbito pessoal, acadêmico e profissional.
Várias pessoas crescem com o problema e nem ficam sabendo que a dificuldade que têm de se concentrar é, na verdade, um distúrbio que
pode ser tratado e controlado com auxílio medicamentoso e/ou psicoterapêutico.
Entre os sinais mais frequentes do TDAH em adultos, estão atrasos frequentes em compromissos de trabalho, desorganização, oscilação
abrupta de humor, dificuldade de se expressar, repetição de palavras com frequência e problemas ao dirigir.
Crianças com TDAH costumam contar com o auxílio dos pais para conseguirem cumprir horários, organizar as tarefas diárias, marcar
consultas médicas e se relacionar com as outras pessoas. Já para os adultos que têm o distúrbio, tudo fica mais difícil.
E caso eles não consigam ajuda em algum desses aspectos, podem desenvolver diversos problemas que prejudicam o seu rendimento não só
nos estudos e no trabalho, mas também nos seus relacionamentos afetivos.
Por isso, ao mínimo sinal de sintomas como esses, é importante que a pessoa procure a ajuda de médicos e psicólogos.
DEPRESSÃO
Outra condição que não se enquadra entre os Transtornos de Aprendizagem na vida adulta, mas que pode contribuir para os déficits
cognitivos é a depressão.
Caracterizada por humor depressivo associado a sentimentos de tristeza, amargura, falta de esperança, baixa autoestima ou culpa, a
depressão é um transtorno psiquiátrico crônico e recorrente em diferentes fases da vida.
Entre os diversos prejuízos causados por ela, estão déficits cognitivos que a aproximam, até mesmo, de quadros demenciais. Uma pessoa
com depressão também tem dificuldade para se concentrar e decodificar informações mais complexas. Por isso, merece atenção inclusive por esse aspecto.
De maneira geral, o auxílio de médicos e psicólogos pode contribuir não só com o desempenho intelectual e profissional de adultos com
depressão, dislexia ou TDAH, mas com a melhora do humor e, consequentemente, do bem-estar dessas pessoas.