As três ondas em terapias comportamentais e cognitivas
17 de Maio de 2021
As três ondas em terapias comportamentais e cognitivas compreendem as principais abordagens terapêuticas desenvolvidas ao longo das décadas envolvendo a junção de estudos do comportamento das pessoas e da maneira como elas percebem, aprendem, recordam e pensam.
A "primeira onda", que teve início em 1950, ficou marcada pelo começo da aplicação clínica da psicologia comportamental. Na época, a principal teoria considerada era do fisiologista russo Ivan Pavlov, que tratava do papel do condicionamento.
Entendendo a psicologia como uma ciência objetiva e mensurável, Pavlov acreditava que era impossível analisar o cérebro, que ele classificou como uma "caixa negra" que não podia ser aberta. Desse modo, concluiu que apenas o que fosse colocado nele poderia ser avaliado.
Enfocando o comportamento visível e não no pensamento, a primeira das três ondas em terapias comportamentais e cognitivas apostava que as mudanças de comportamentos das pessoas se davam por meio do condicionamento clássico e da aprendizagem operante. Para chegar a esse entendimento, Pavlov fez experimentos em situações controladas em laboratório.
Em um deles, estudou a produção de saliva em cães que eram expostos a diversos estímulos palatares e que, após certo período de tempo, passaram a ter a mesma reação com estímulos diferentes, como o barulho dos passos de seu assistente.
TCC
Já na `segunda onda`, que marcou os anos 1960, o psicanalista norte-americano Albert Ellis ganhou destaque.
Criando o que posteriormente seria conhecida como TREC (Terapia Racional Emotiva Comportamental), ele acreditava que o comportamento dos indivíduos era influenciado por tendências inatas e adquiridas e que as crenças básicas precisavam ser monitoradas e desafiadas de forma constante para a manutenção da saúde emocional.
Privilegiando a razão sobre a experiência, a TREC ficou conhecida como uma das primeiras terapias a utilizar técnicas que vão além do modelo comportamental, considerando os componentes fundamentais do modelo cognitivo.
O psiquiatra norte-americano Aaron Beck também marcou a segunda das três ondas em terapias comportamentais e cognitivas, formulando um modelo que unia técnicas comportamentais e cognitivas.
Intitulado de TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), o modelo aponta que determinadas cognições, emoções e estados fisiológicos geram comportamentos disfuncionais que podem ser eliminados ou reduzidos por meio da intervenção terapêutica. Nesse sentido, Beck propôs a adoção da psicoterapia cognitiva para tratamento da depressão.
SENSIBILIDADE
A última das três ondas em terapias comportamentais e cognitivas, a "terceira onda" surgiu a partir dos anos 1990 com uma abordagem empírica e foco principal na sensibilidade ao contexto e às funções dos fenômenos psicológicos. Enfatizando táticas de mudanças contextuais e experimentais, ela engloba diversos modelos de intervenção, como a ACT (Terapia de Aceitação e Compromisso).
A TCD (Terapia Comportamental Dialética), a FAP (Terapia Analítica Funcional) e a Terapia Comportamental Baseada em Mindfulness e Aceitação são outros modelos de Terapia Cognitivo-Comportamental que fazem parte da terceira das três ondas em terapias comportamentais e cognitivas.
Preocupada não mais apenas em mostrar resultados, a terapia comportamental da `terceira onda’ busca estabelecer uma relação com as dificuldades humanas de um modo mais amplo e aprofundado.