Cinematerapia: depressão na infância e adolescência
06 de Janeiro de 2023
Na psicoterapia voltada à infância e adolescência, técnicas menos tradicionais e mais criativas aumentam o envolvimento da garotada. A cinematerapia ou uso de filmes como recursos terapêuticos não é uma prática recente, no entanto ainda é pouco difundida e carece de estudos empíricos que a respaldem teoricamente e fortaleçam sua prática.
No entanto, por se tratar de uma poderosa fonte facilitadora de transmissão de conteúdo e aquisição de novos comportamentos, os filmes são considerados atividades lúdicas e vistos como procedimentos eficazes na prática clínica.
Berg-Cross, Jennings e Baruch (1990) criaram o termo cinematerapia, indicando que o resultado terapêutico dessa prática ocorre diretamente pelo filme ao qual o paciente assiste ou pela discussão que acontece em seguida.
Hesley e Hesley (2001) evidenciam vantagens da utilização de filmes, entre elas, alta aderência, fácil acesso, maior disponibilidade de interação, maior curiosidade, familiaridades com a atividade, encorajamento ao paciente, fornecimento de modelos diante de situações aversivas e maior facilidade de expressão de sentimentos.
Algumas cenas desses filmes são relevantes para relacionar com o processo terapêutico, dando oportunidade de o profissional intervir a partir das técnicas da terapia cognitivo-comportamental (TCC) de forma lúdica.
SELEÇÃO DE FILMES
A seleção de filmes para ser trabalhada em contexto clínico dependerá dos comportamentos-alvo, bem como as lições e os conteúdos pertinentes. A utilização desse recurso na prática clínica precisa estar de acordo com o objetivo terapêutico e adequada à idade e ao funcionamento do indivíduo.
Nos casos de transtornos depressivos, o filme infantil Frozen é uma indicação, pois mostra como a mudança de cognições e de estratégias comportamentais disfuncionais podem, por vezes, com ajuda externa, “derreter” a depressão.
Na história, a personagem Elsa é ajudada por aqueles que fazem parte de sua história de vida, o que mostra a importância de estabelecer aliança colaborativa para alcançar as metas terapêuticas, ou seja, o caminho não precisa ser solitário nem frio.
A ludicidade que um filme infantil pode proporcionar torna o caminho de superação muito mais atraente. Assim como Elsa, que tem um final feliz, crianças e adolescentes deprimidos podem se perceber felizes em um futuro não tão distante.
LITERATURA
O livro “Luz, câmera e ação: filmes na prática clínica infantil”, de autoria da psicóloga Vanina Cartaxo e colaboradores, é um recurso de intervenção ou estratégia complementar no processo terapêutico infantil.
Publicada pela Sinopsys Editora, a obra traz experiências de profissionais comprometidos com a infância e adolescência que, por meio de filmes, oferecem a outros profissionais uma base teórica aliada à instrução de uma proposta lúdica com todo o guia para execução de filmes na prática clínica.
Focadas na TCC, as temáticas apresentadas são: regulação emocional, luto, ansiedade, depressão, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, treinamento de pais, famílias reconstituídas, estereótipos e preconceito, habilidades sociais, psicologia escolar, bullying, psicologia positiva, resiliência, valores e esquemas.