Cuidadores com TPB: como conduzir o tratamento e apoio aos filhos - Sinopsys Editora
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Cuidadores com TPB: como conduzir o tratamento e apoio aos filhos

Cuidadores com TPB: como conduzir o tratamento e apoio aos filhos

13 de Maio de 2021

O Transtorno de Personalidade Borderline em pais e mães pode desestabilizar a organização familiar. Estudos com foco na interação de cuidadores com TPB e seus filhos evidenciam uma maior tendência a comportamentos superprotetores e hostis, bem como conflitos com o respectivo cônjuge. Como consequência, essas crianças podem ter seu desenvolvimento psicológico afetado.

Filhos de pessoas acometidas por Transtorno de Personalidade Borderline tendem a se isolar do meio envolvente. São crianças menos atentas, interessadas ou desejosas de interagir com seus cuidadores e demonstram um apego mais desorganizado. Também podem apresentar taxas elevadas de pensamentos suicidas e maiores riscos de sofrerem de depressão. Daí a importância da intervenção terapêutica em que o indivíduo com a doença não seja tratado isoladamente, focando a família como um todo.



HETEROGENEIDADE


O psicólogo Vinícius Guimarães Dornelles, sócio-diretor da DBT Brasil e primeiro treinador de DBT (Terapia Comportamental Dialética) nativo de língua portuguesa do mundo, comenta que é muito variável a situação nas famílias em que há um cuidador com TPB. "Estamos falando de um dos transtornos que têm a maior heterogeneidade de apresentação de fenótipos possíveis", observa.

Segundo ele, grande parte desses pacientes tem dificuldades com seus filhos, podendo ser muito instáveis e intensos. Muitas vezes, podem ter comportamentos negligentes e abusivos emocionalmente ou fisicamente. "Ao mesmo tempo, nunca conheci um paciente com TPB que não amasse desesperadamente os próprios filhos e que não quisesse realmente o bem deles", relata.

Vinícius afirma que existe um grande mito na área da saúde mental de que indivíduos com TPB tenham déficit de empatia ou até um certo grau de sadismo. "Quando, na verdade, a maior parte dos pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline é extremamente empática, se preocupa com os outros. A grande questão é que eles não têm habilidades para lidar com o próprio processamento emocional", complementa.

Por isso, o conselho do especialista aos profissionais da saúde que atendem crianças cujos pais tenham o transtorno é que trabalhem com essas famílias validação e efetividade interpessoal, que são habilidades comportamentais desenvolvidas por meio da Terapia Comportamental Dialética.

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REFLEXÃO


Importante observar, também, que a taxa de diagnóstico de TPB é comparativamente maior para mulheres em relação a homens conforme informações da APA (Associação Americana de Psiquiatria). O dado sugere que exista uma expressiva quantidade de mães diagnosticadas com a doença em comparação a pais, o que abre espaço para a reflexão.

O Transtorno de Personalidade Borderline tende a estar associado a diversos preconceitos, e o diagnóstico de um dos membros da família pode contribuir para que essa pessoa seja menos ouvida e até mesmo excluída em decisões familiares. Também é comum que seja atribuída a ela exclusivamente toda a responsabilidade por quaisquer dificuldades vivenciadas.

Essa grande incidência de mães com o transtorno, aliada a processos históricos de naturalização da culpabilização e estereotipização da mulher, pode, portanto, contribuir para a manutenção da homeostase disfuncional do sistema familiar. Isso porque, ao centrar a culpa em uma única pessoa, a mãe no caso, os demais integrantes podem se eximir de sua responsabilidade frente à qualidade das relações familiares.

Tal situação também pode contribuir para o agravamento da saúde mental da pessoa portadora de TPB. Nesse contexto, mesmo queixas genuínas que ela apresente em relação aos demais membros da família podem ser desconsideradas e vistas unicamente como produto do transtorno.


TERAPIA


Por tudo isso, sob o olhar da terapia sistêmica, o cuidador com Transtorno de Personalidade Borderline não deve ser tratado isoladamente e a unidade familiar precisa ser vista como unificada e foco das intervenções. A intervenção sistêmica justifica-se, portanto, pelo olhar multidimensional, compreendendo o fenômeno de maneira contextual e valorizando as relações.

Cabe ao terapeuta, portanto, utilizar recursos que permitam à família ver o transtorno e as dificuldades familiares a partir de novas e diferentes perspectivas, colaborando para que cada um reflita a respeito de como pode contribuir.

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