Identificação das emoções: expressões físicas são pistas
24 de Agosto de 2022
Para a identificação das emoções, as expressões físicas assumem a função de pistas, em especial, as expressões faciais. Essas pistas podem surgir em qualquer parte do rosto ou mobilizá-lo apenas parcialmente (apenas olhos e sobrancelhas, por exemplo).
Esse é um dos motivos pelos quais a atenção dos seres humanos, desde bebês, é naturalmente focada para os rostos quando tentam interpretar as situações.
Contudo, a capacidade para expressar emoções é variável. Paul Ekman e Wallace Friesen propuseram uma classificação da capacidade expressiva, dividindo as pessoas em diferentes categorias:
Contidas: pessoas pouco expressivas, que mostram menos pistas faciais, sendo mais expressivas apenas em emoções mais intensas ou quando estão sozinhas.
Reveladoras: manifestam muitas pistas externas das emoções que estão experimentando (no rosto, por meio de gestos e do tom de voz), tornando mais fácil identificar como se sentem.
Inconscientes: manifestam pistas externas das emoções, mas não de maneira intencional ou consciente.
Inexpressivas: têm dificuldade para manifestar pistas externas das emoções que experimentam, mas acreditam mostrá-las claramente.
Trocadoras: manifestam pistas externas de emoções diferentes daquelas que acham que estão demonstrando.
Congeladas: têm algumas expressões fixas no rosto por manifestarem algumas emoções muito frequentemente (por exemplo, vinco na testa, marca de sorriso). Por isso, qualquer emoção que expressam mostram algumas características dessas marcas fixas.
Sempre prontas: mostram e trocam rapidamente suas pistas emocionais externas, com baixo autocontrole sobre as expressões.
Transbordantes de afeto: tendem a mostrar uma emoção dominante, que interfere com a manifestação das demais (por exemplo, tristeza quase constante, que aparece mesmo quando a pessoa está alegre, reduzindo a intensidade da expressão de alegria). Esse padrão frequentemente se associa a quadros psicopatológicos.
CONTRIBUIÇÕES
Contribuem para que as pessoas tenham um desses padrões a capacidade dos sentidos perceptivos com os quais nascem, a existência ou não de algumas condições clínicas, experiências de aprendizagem social (observação, estimulação e imitação de modelos), experiências de vida e possíveis intervenções/treinamentos que tenham recebido.
As principais intervenções emocionais focam em desenvolver o autoconhecimento para que os indivíduos saibam como se sentem e sobre a forma como expressam suas emoções. Além da capacidade para identificar pistas emocionais nos outros e modular (atenuar ou intensificar), suprimir ou substituir uma emoção por outra.
Para todos esses objetivos, a psicoterapia e o uso de materiais terapêuticos podem ser úteis.
ADULTOS E IDOSOS
Instrumento inédito publicado no Brasil pela Sinopsys Editora, o "Baralho das emoções - Representação e psicoeducação para adultos e idosos", de autoria da psicóloga Sabrina Martins Barroso, visa a auxiliar no trabalho com as emoções, facilitando sua identificação, a psicoeducação e o treino de emissão e de regulação com adultos e idosos.
Nesta importante ferramenta para a prática clínica, as cartas ilustram homens e mulheres, com versões de pessoas adultas e idosas, representando emoções universais e sociais.
Por sua vez, os cartões de psicoeducação explicam sobre tais emoções, sua função social, pistas expressivas que podem ser usadas para identificá-las e pensamentos ou falas frequentemente manifestados em psicoterapia quando elas são relatadas.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
E a versão do baralho direcionada a crianças e adolescentes foi criada para auxiliar a desenvolver os aspectos emocionais dessas faixas etárias, especialmente na presença de condições clínicas como transtornos do desenvolvimento ou alexitimia, que podem tornar ainda mais difícil identificar e expressar emoções.
É composta por cartas que ilustram em diferentes intensidades as emoções universais e sociais de meninos e meninas. Também inclui cartões para psicoeducação, com explicações sobre as emoções, suas funções sociais e os contextos frequentes em que ocorrem.
Os públicos-alvo dos dois materiais são psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos, educadores e demais profissionais que trabalham com aspectos emocionais de adultos e idosos e/ou crianças e adolescentes.
Ambas versões têm descritas sugestões para uso individual e coletivo e apresentação de casos clínicos. Ainda são disponibilizados formulários digitais que podem ser usados durante as sessões ou como tarefas terapêuticas.