Importância de trabalhar relações étnico-raciais na infância

A importância de trabalhar relações étnico-raciais na infância reside no fato de que é o período da vida em que as pessoas começam a construir a capacidade de acreditar no próprio potencial. Também é o momento em que começam a aprender a respeitar o próximo.

A formação da identidade da criança acontece por meio da socialização. Das relações estabelecidas com os outros, é construída sua autoimagem e seu autoconceito. Portanto a formação de adultos saudáveis no que diz respeito à sua identidade racial e à sua percepção sobre diferenças raciais é elemento importante no cuidado com a criança.

O primeiro ambiente de socialização das crianças é a família. Esse contexto se amplia com o ingresso na escola. Portanto cabe aos pais ou outros responsáveis e também aos professores o papel de adequadamente trabalhar relações étnico-raciais na infância.

Abolir a prática discriminatória é algo complexo, mas que pode ocorrer se as novas gerações forem conscientizadas desde cedo, evitando que reproduzam padrões de preconceito racial.

Nunca é cedo para falar sobre raça. Quando os adultos ficam calados, eles reforçam o preconceito racial em crianças. Pois logo elas aprendem que o céu e azul, as árvores são verdes e percebem os padrões de racismo na sociedade, inclusive nos filmes que assistem, assim como na aparência e nas funções ou cargos que as pessoas ocupam.

Estudos científicos demonstram como as crianças se tornam sensíveis às diferenças étnicas de acordo a idade. Do zero a um ano de idade, os bebês olham igualmente para os rostos de todas as raças. Aos três meses, olham mais para os rostos que correspondem à raça de seus cuidadores.

Aos dois anos e meio, a maioria das crianças usa a raça para escolher colegas de brincadeira. Expressões de preconceito racial costumam atingir crianças da faixa etária que vai dos quatro aos cinco anos de idade.

Já aos cinco anos, os pequenos mostram muitas das mesmas atitudes raciais mantidas por adultos, inclusive aprendem a associar alguns grupos com status mais alto que outros.

E dos cinco aos sete anos, conversas explícitas sobre amizade inter-racial podem melhorar drasticamente suas atitudes raciais em menos de uma semana.

Portanto trabalhar relações étnico-raciais na infância de forma adequada é missão que cabe aos adultos, buscando sempre falar a verdade e oferecer referências positivas que ajudem a criança a entender a complexidade do racismo no mundo.

Entre as atitudes que pais ou outros responsáveis e educadores podem adotar para promover uma educação antirracista com as crianças, ser exemplo é uma das principais. Os adultos devem tratar todas as pessoas com igualdade, o respeito deve ser o mesmo com todos.

A diversidade precisa estar presente em igualdade nos relacionamentos dos adultos para que isso possa estar presente também na vida das crianças. Só assim elas também serão capazes de entender as dificuldades sofridas pelas chamadas minorias sociais.

Outra forma de trabalhar relações étnico-raciais na infância inclui apresentar e celebrar as variadas culturas que existem. Livros, brinquedos, filmes, desenhos animados e músicas são excelentes maneiras. E os adultos precisam apreciar em conjunto.

Ter orgulho das origens é outra maneira de trabalhar relações étnico-raciais na infância de forma saudável. Ensinar às crianças sobre sua história e suas raízes e dar a elas inúmeros motivos para se orgulharem de sua pele, seu cabelo, seus traços e, principalmente, de toda riqueza cultural de seu povo é importante.

Por sua vez, as escolas podem trabalhar relações étnico-raciais na infância não somente em datas comemorativas. Os professores podem apresentar histórias ou brincadeiras que façam parte das mais diferentes culturas.