Psicologia escolar: manejo de comportamentos-problema

No âmbito da psicologia escolar, as abordagens comportamentais e cognitivo-comportamentais podem contribuir de maneira positiva no manejo de comportamentos-problema em sala de aula.

Os comportamentos-problema são entendidos como aqueles que interferem de forma negativa no aproveitamento do aluno, tanto no aprendizado como na socialização. São, portanto, comportamentos disfuncionais.

As abordagens psicológicas mencionadas, com seus pressupostos e métodos, possibilitam o trabalho educacional não coercitivo.

São, portanto, uma boa alternativa de ação em um cenário de falhas do modelo educacional, no qual, muitas vezes, não se consegue lidar com as diferenças individuais no que diz respeito à aprendizagem, a comportamentos e habilidades.

Importante destacar que disciplina não coercitiva é diferente de falta de regras e consequências para comportamentos disfuncionais, mas, sim, uma forma eficaz de gerar bons comportamentos em conjunto com a interrupção de maus comportamentos.

Conforme os pressupostos das abordagens comportamentais e cognitivo-comportamentais, uma das formas mais eficazes de aumentar ou diminuir um comportamento é a atuação nas suas consequências.

Tais consequências, que são as principais responsáveis pela frequência com a qual um comportamento ocorre, podem ser divididas em reforço, punição e extinção.

Toda consequência que tende a aumentar a probabilidade de determinado comportamento acontecer novamente é chamada de reforço. Há variações de reforço quanto ao tipo e quanto à frequência.

Já toda consequência que tende a diminuir a probabilidade de determinado comportamento acontecer novamente é chamada de punição, que pode ser positiva ou negativa.

Por sua vez, a extinção diz respeito ao processo de retirar qualquer tipo de consequência, seja reforço, seja punição, a fim de levar a apresentação do comportamento ao menor nível possível.

O processo de extinção de um comportamento tende a ser elevado ao máximo de intensidade e frequência antes de ser extinto. É nesse momento que o agente da extinção deve ser manter firme até o fim. Caso contrário, o feito poderá ser o oposto do desejado.

A disciplina não coercitiva é mais vantajosa a longo prazo, visto que ensina qual a melhor forma de se comportar em vez de apenas reduzir repertório comportamental. Ela também favorece a criação de vínculo com a criança e o adolescente e fornece um modelo adequado de resolução de problemas.

Além disso, favorece o bom desenvolvimento da autoestima e autoeficácia da garotada, visto que trabalha com o aumento das chances de sucesso no alcance de metas.

Um melhor funcionamento na sala de aula é diretamente proporcional a um melhor ambiente de trabalho para professores, bem como é fundamental para o desenvolvimento acadêmico dos alunos.

Portanto, discutir formas alternativas à coerção e que favoreçam a criação de um ambiente com funcionamento mais adaptativo são de extrema importância. Psicologia e educação devem caminhar juntas nessa construção.

O livro “Abordagens cognitivo-comportamentais no contexto escolar”, organizado pela neuropsicóloga e psicopedagoga Juliana Mendes Alves e publicado pela Sinopsys Editora, integra conhecimentos e técnicas oriundos das neurociências e das abordagens cognitivo-comportamentais ao já amplo universo da pedagogia e da educação em geral.

Essas duas áreas do conhecimento têm se desenvolvido muito nas últimas décadas, especialmente em função de um grande conjunto de pesquisas que vêm sendo feitas. Colocar esses avanços à disposição dos educadores, em linguagem acessível a eles e com objetivos práticos e úteis, contribui para sua maior capacitação para a intervenção junto aos alunos.