Sintomas e diagnóstico do paciente com Transtorno de Personalidade Borderline

O Transtorno de Personalidade Borderline afeta 1,7% a 3% da população mundial e, no Brasil, cerca de 10% dos acometidos com a doença acabam cometendo suicídio. Para fomentar a conscientização na sociedade, facilitando o diagnóstico precoce e o tratamento, é fundamental que os sintomas sejam do conhecimento de todos. No DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) da APA (Associação Americana de Psiquiatria), são apresentados nove sintomas comuns ao distúrbio:

O medo intenso do abandono é um sentimento muito presente em quem tem Transtorno de Personalidade Borderline. No primeiro sinal de desinteresse das pessoas próximas, mesmo que imaginário, o border fica furioso e, por temer ficar sozinho, acaba criando vínculos de forma rápida e intensa com novas pessoas. Vínculos esses que, pela velocidade, acabam sendo frágeis.

Alterações de humor constantes, impulsividade e irritabilidade são algumas das caraterísticas dos pacientes com TPB que afetam suas relações interpessoais. Tais relações são marcadas pelo `tudo ou nada’ e pelo `amor ou ódio’, e a percepção do border sobre as pessoas pode mudar rapidamente ao menor sinal de rejeição.

Até mesmo relacionamentos mais profundos, como o de mãe e filho, podem ser prejudicados de forma rápida caso um desejo de quem sofre com a síndrome não seja atendido prontamente. Essa intensidade também tem efeito reverso, em que o border ama rapidamente, cria expectativas e depois acaba se frustrando.

A instabilidade emocional do indivíduo com TPB também afeta a forma como ele se vê. Com dificuldades de perceber suas próprias características, sejam elas positivas ou negativas, os acometidos com a doença têm dificuldade de se descrever para as pessoas. Sentindo a necessidade de agradarem aos outros, é comum que mudem subitamente de aparência, alterando também valores, profissão, etc.

A impulsividade elevada é outro sintoma apontado no DSM-5 para diagnóstico de quem sofre com Transtorno de Personalidade Borderline. Essa característica pode ser percebida em comportamentos compulsivos que proporcionam gratificação imediata, como abuso de álcool, drogas, entre outros.

A automutilação é outra maneira que o border encontra para extravasar seu turbilhão de emoções e pode ser demonstrada por meio de cortes na própria pele, queimaduras, etc. Tais atos costumam ser praticados como punição por algo que tenha feito ou para reafirmar sua capacidade de sentir. O paciente também está mais propenso a tentar o suicídio em momentos de extrema angústia.

Pessoas que sofrem com o Transtorno de Personalidade Borderline têm com uma das características mais presentes as constantes alterações de humor. Embora esse seja um sintoma comum a outros transtornos, como a bipolaridade e a esquizofrenia, no border, as mudanças de humor são mais irregulares.

Ainda que sintam as emoções de forma muito intensa, muitos indivíduos com TPB têm um vazio interno que não conseguem preencher. Por isso também a necessidade exagerada de serem amados e o medo da rejeição. Essa característica costuma ocasionar muitos conflitos nas relações interpessoais de quem sofre com o distúrbio.

Associada à instabilidade, a raiva sentida pelo border é bastante intensa e, por isso, ele encontra dificuldades em controlá-la durantes crises. Seus momentos de irritação podem ser despertados por algum sentimento de frustração mínimo que passa despercebido pelos demais, que não entendem sua ira. É comum que, passada sua indignação, sinta vergonha de suas ações.

Momentos de extrema angústia podem desencadear episódios dissociativos, pensamentos paranoicos e até mesmo sintomas do tipo psicótico, como alucinações, nos indivíduos acometidos com o Transtorno de Personalidade Borderline. Temporários, também podem estar relacionados a distúrbios do sono.

O Transtorno de Personalidade Borderline não tem uma causa única e seu diagnóstico deve ser feito por um profissional especializado em saúde mental. Avaliando o histórico e os sintomas do paciente, o médico irá definir a melhor forma de tratamento, que deve iniciar com sessões de psicoterapia em grupo ou de forma individual.

Entre as abordagens psicoterápicas mais adotadas para tratar a síndrome, a Terapia Comportamental Dialética (DBT) vem sendo aplicada em pacientes que tentaram cometer suicídio. Já a Terapia do Esquema (TE) tem se mostrado eficaz ao promover comportamentos mais adaptativos. O uso de fármacos também deve ser indicado pelo especialista, tratando o Transtorno de Personalidade Borderline de forma colaborativa com a psicoterapia.