Tanatologia: estudos sobre a morte e o morrer
22 de Junho de 2022
Tanatologia é o estudo científico interdisciplinar da morte. Em outras palavras, é a área de conhecimentos e de aplicação sobre a morte e o morrer. Investiga seus mecanismos e aspectos forenses, tais como mudanças corporais que acompanham o período após a morte, bem como os aspectos sociais e legais mais amplos.
A palavra tanatologia é derivada de Tânato, deus da mitologia grega que personifica a morte, mais o sufixo -logia, que deriva do grego -legein e significa estudo.
CLÁSSICO
O desenvolvimento dos estudos e pesquisas sobre a morte e o morrer ganhou força após as guerras mundiais, com os trabalhos do psicólogo norte-americano Herman Feifel que resultaram no clássico livro "O significado da morte", publicado em 1959.
A obra sinaliza a conscientização sobre a importância da discussão sobre o tema apesar da mentalidade de interdição.
Inclui textos sobre filosofia, arte, religião e sociologia. Há artigos de vários autores conhecidos, entre eles, Carl Gustav Jung (A alma e a morte), Herbert Marcuse (A ideologia da morte), Norman Farberow e Edwin Shneidman (Prevenção ao suicídio).
REVOLUÇÃO
Na década de 1960, houve mudanças significativas no processo de morrer e nas práticas dos profissionais da saúde a partir dos trabalhos da psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross e da médica, enfermeira e assistente social inglesa Cicely Saunders.
Elas revolucionaram os cuidados a pacientes com doença avançada, buscando comunicação e alívio de sintomas incapacitantes.
O livro "Sobre a morte e o morrer", de Kübler-Ross, é referência na área, propondo o aperfeiçoamento da comunicação e da experiência clínica com pacientes próximos da morte.
PIONEIRA
No Brasil, a pioneira foi a psicóloga Wilma Torres, que, em 1980, criou o programa Estudos e Pesquisas em Tanatologia na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
A sua área de pesquisa foi o desenvolvimento cognitivo do conceito de morte em crianças e adolescentes, tendo publicado vários artigos no periódico Arquivos Brasileiros de Psicologia.
Wilma foi responsável, também, pelo primeiro arquivo de artigos e livros sobre a morte e o morrer e fundou, em 2004, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tanatologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Atualmente, há núcleos de estudos e pesquisas em várias universidades do país nos quais docentes conduzem pesquisas e estudos sobre vários temas relacionados à morte.
LIVRO
O assunto tanatologia é aprofundado no livro "Educação para a morte - Quebrando paradigmas". De autoria da psicóloga Maria Julia Kovács e publicada pela Sinopsys Editora, a obra apresenta uma base para a contextualização da educação para a morte.
Tem como objetivo subsidiar trabalhos em instituições de saúde, escolares, residenciais para idosos e tantas outras em que o tema se faz presente no cotidiano. Trata-se da busca de autoconhecimento e de sentido da vida a partir do que a morte ensina.
A publicação é indicada para estudantes e profissionais de diferentes áreas, como psicologia, medicina, enfermagem, nutrição, fisioterapia, terapia ocupacional, educação e assistência social.
Maria Julia é professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), fundadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte (LEM) do IPUSP e coordenadora do projeto Falando de Morte (filmes didáticos).