Terapia de aceitação e compromisso: dados históricos
26 de Janeiro de 2022
Desenvolvida a partir dos anos 1970 pelo psicólogo norte-americano Steven Hayes e colaboradores, a terapia de aceitação e compromisso (ACT, pronunciada como uma palavra única, do inglês acceptance and commitment therapy) leva esse nome por causa de suas propostas centrais: aceitação da realidade e das reações emocionais e comportamentais, escolha de uma direção de acordo com os valores do indivíduo e comprometimento com a mudança desejada.
Por pertencer ao grupo de terapias cognitivo-comportamentais (TCCs) de terceira geração ou terapias contextuais, a ACT coloca um peso maior em aspectos como aceitação, consciência plena, desativação cognitiva, dialética, valores, espiritualidade e relações.
PRIMEIRO PERÍODO
A história da terapia de aceitação e compromisso pode ser dividida em três períodos. No primeiro, que engloba as décadas de 1970 e 1980, a ACT era chamada de distanciamento compreensivo, indicando uma extensão e elaboração da terapia cognitiva.
Seu desenvolvimento foi motivado pela sensação de que o papel que o comportamento verbal e a linguagem desempenhavam na iniciação, manutenção e tratamento do comportamento anormal era essencial para uma clínica comportamental mais efetiva, levando a aplicação dos princípios do comportamento verbal a outras abordagens clínicas.
Após 15 anos de estudos de reinterpretação, tanto a concepção comportamental da cognição quanto as abordagens cognitivas se mostraram modelos de funcionamento cognitivo insatisfatórios.
SEGUNDO PERÍODO
Já o segundo período da terapia de aceitação e compromisso vai de 1985 a 1999, quando foi desenvolvida a teoria do quadro relacional (RFT, do inglês relational frame theory), um enfoque comportamental pós-skinneriano da cognição e da linguagem humanas.
A RFT expandiu as concepções do psicólogo behaviorista norte-americano Burrhus Frederic Skinner sobre comportamento verbal e seguimento de regras e fundamentou o modelo e as intervenções da ACT.
Ainda nesse período, o nome distanciamento compreensivo foi substituído por terapia de aceitação e compromisso. Essa mudança visou diferenciar a ACT do cognitivismo - o termo distanciamento foi emprestado da teoria do psiquiatra norte-americano Aaron Beck (pai da terapia cognitiva e da TCC) - e da conotação dissociativa do seu nome original.
TERCEIRO PERÍODO
Por sua vez, o terceiro período da terapia de aceitação e compromisso vai do ano 2000 até a atualidade. O marco inicial dessa fase de disseminação foi a publicação do livro `Terapia de aceitação e compromisso - Uma abordagem experiencial para a mudança de comportamento’ (Steven Hayes, Kirk Strosahl e Kelly Wilson, 1999).
Desde então, a ACT tem sido investigada e reconhecida como uma abordagem contextual baseada na RFT.
Ela supõe uma grande mudança no que diz respeito às terapias anteriormente disponíveis. Principalmente em relação ao modo de as pessoas se relacionarem com seus conteúdos mentais.
Também é inovadora a rejeição a uma classificação diagnóstica, invocando como único elemento de análise e planejamento de intervenção o comportamento do paciente e sua função dentro de um contexto.
Empregada em diversos transtornos mentais, a terapia de aceitação e compromisso vem mostrando importante eficácia no tratamento de diferentes transtornos, entre eles, os depressivos, psicóticos, alimentares e de ansiedade, assim como nas dores crônicas e no abuso de substâncias.