O que são transtornos alimentares?

Os transtornos alimentares são perturbações persistentes na alimentação ou no comportamento relacionado com alimentação, o que tem como resultado o consumo ou a absorção alterada dos alimentos, comprometendo a saúde física e psicológica da pessoa e o seu funcionamento psicossocial.

Nos últimos 20 anos, o número de casos mundiais de transtornos alimentares quase dobrou, sendo o transtorno mental com maiores taxas de mortalidade.

Anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno de compulsão alimentar (TCA) são os transtornos alimentares mais comuns.

Eles afetam sobretudo mulheres jovens, com idade média de início aos 18 anos ou pouco antes, uma vez que a adolescência é a fase de grande transformação das medidas corporais, gerando insatisfações com o corpo e desejo de emagrecimento.

A anorexia nervosa tem três características essenciais. Uma delas é a restrição persistente da ingesta calórica, de modo que o peso do indivíduo é significativamente baixo para o seu contexto de idade, gênero, desenvolvimento e saúde física.

A outra característica é o medo intenso de engordar ou ganhar peso, ou, ainda, comportamentos que interferem nesse ganho. E a terceira é a perturbação e/ou distorção na percepção e na autoavaliação do próprio peso ou da própria forma corporal.

A bulimia nervosa também tem três características essenciais. Uma delas são os episódios recorrentes de compulsão alimentar.

A outra são os comportamentos compensatórios inapropriados para impedir o ganho de peso, como vômitos autoinduzidos, uso de laxantes, diuréticos e/ou outros medicamentos, jejum ou exercícios em excesso.

E a terceira característica é a autoavaliação indevidamente influenciada por forma e peso corporais.

Os episódios de compulsão alimentar, ou seja, ingestão de uma quantidade de alimentos muito superior à que a maioria das pessoas consumiria em circunstâncias semelhantes e no mesmo período de tempo, fazem parte do conjunto de sinais e sintomas do transtorno de compulsão alimentar, mas não são suficientes para seu diagnóstico.

Para que se tenha a confirmação do TCA, é necessário que esses episódios sejam acompanhados pela falta de controle da ingestão de alimentos, em que o indivíduo não consegue parar de comer ou não tem controle da quantidade e do que ingere.

As causas dos transtornos alimentares são multifatoriais, podendo ser genéticas, psicológicas e socioculturais.

Quando se diz que há fatores genéticos e fisiológicos envolvidos, isso significa que, além das condições sociais e culturais presentes, a pessoa tem características inatas que podem contribuir para o desenvolvimento de determinada condição.

A impulsividade e a compulsividade parecem ser particularmente importantes para explicar quadros de transtorno alimentar.

A impulsividade pode ser descrita como a incapacidade de inibir ou retardar o início da ação ou do comportamento.

Já a compulsividade representa a incapacidade de interromper ou cessar uma ação ou comportamento já iniciado.

Tais sintomas estão associados à dificuldade de modular as respostas de controle de impulsos, comportamentos e mecanismos de recompensa.

O livro "O que você precisa saber sobre transtornos alimentares e tem medo de perguntar", de autoria das psicólogas Fernanda Pasquoto de Souza, Gisele Iesbich Vargas e Margareth da Silva Oliveira, foi recentemente lançado pela Sinopsys Editora.

Parte da coleção "O que você precisa saber e tem medo de perguntar", que busca explicar aspectos relacionados a transtornos mentais para não especialistas, a obra esclarece dúvidas tanto para profissionais quanto para pacientes, familiares e pessoas que, de alguma forma, têm envolvimento com transtornos alimentares.

Para uso clínico e familiar e direcionada à faixa etária a partir dos 18 anos, a publicação caracteriza-se por sua linguagem clara, objetiva e acessível a todos que tenham interesse em entender um pouco mais sobre o assunto.